Análise Clínico-Epidemiológica da Tuberculose no Estado da Bahia, 2007-2017. |
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que afeta principalmente os pulmões, causada pelo Mycobacterium tuberculosis . O Brasil encontra-se entre os 22 países priorizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os quais concentram 80% da carga mundial de TB. Desde 2003 a TB é doença prioritária na agenda política do Ministério da Saúde. Estima-se que ocorram 69 mil casos novos e 4500 óbitos por ano em decorrência da TB no Brasil. Buscou-se traçar o perfil clínico-epidemiológico da TB no estado da Bahia no período de 2010 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Foram notificados 46.466 casos de TB. Constatou-se uma redução de 17,65% no número de casos para o período (6.514 casos em 2010, 5.364 em 2017). A TB predominou no sexo masculino (65,1%), raça/cor parda (57,92%), faixa etária de 20 a 39 anos (39,73%), zona urbana (81,41%) e na população não institucionalizada (53,9%). Alcoolismo foi presente em 19,2% dos casos, diabetes mellitus em 7,88%, tabagismo em 6% e drogas ilícitas em 2,72%. Do total de casos, 6,1% eram recidivas e 5,75% reingressos após abandono. A capital Salvador obteve 39% dos casos, seguida de Feira de Santana (3,6%). A primeira baciloscopia foi capaz de detectar 56,42% dos casos. A cultura do escarro não foi realizada em 75,27%. A forma pulmonar foi predominante (86,6%); seguida da extrapulmonar (11,4%) e 2% dos casos tinham forma pulmonar e extrapulmonar concomitantes. Dentre as formas extrapulmonares, as mais frequentes foram a ganglionar periférica (21%) e a miliar (6,78%). A ocorrência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi positiva em 6,81% dos casos, porém 35,5% dos casos não realizaram testes para sua detecção. O desfecho foi cura em 60,55% e abandono em 8,5%, abaixo e acima respectivamente do preconizado pela OMS para controle da doença (cura >85%, abandono <5%). Os óbitos corresponderam a 3%. Apesar da tendência de redução do número de casos a cada ano, a TB ainda representa um grave problema de saúde pública no estado da Bahia. É necessário reforçar as estratégias de prevenção e controle deste agravo, priorizando diagnóstico precoce da TB e da co-infecção com HIV, pesquisa de contatos e tratamento diretamente observado. |