Epidemiologia das Internações Hospitalares por Hanseníase no Estado da Bahia. |
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, transmitida pelas vias respiratórias. Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde, 143 países reportaram 214.783 novos casos de hanseníase. No Brasil, no mesmo ano, foram notificados 25.218 novos casos. Se não tratada precocemente, a doença evolui, torna-se transmissível e atinge pessoas de qualquer sexo ou idade, podendo levar à incapacidades físicas. O tratamento com a poliquimioterapia (PQT) é gratuito e interrompe a transmissão em poucos dias. Objetivou-se descrever as internações hospitalares por Hanseníase no estado Bahia, através da lista de morbidade (CID-10), no período de 2008 a 2017, quanto às características sociodemográficas, financeiras e de mortalidade. Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS), do Ministério da Saúde (MS). Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2016. Foram registradas 1657 internações, com aumento de 10,68% para o período analisado. A região leste do estado deteve 63,4% dos casos, sendo a capital Salvador a cidade com maior concentração dos casos (59%). O sexo masculino (62,6%), a raça parda (21%) e a faixa etária de 30 a 39 anos (22%) foram as mais prevalentes. O setor público de saúde correspondeu a 64% das internações. Do total de internações, 83,6% tiveram caráter de urgência. A duração média do internamento foi de 13,2 dias. O valor total gasto foi R$ 904.402,29, e o médio foi de R$ 545,81 por internação. A taxa de mortalidade média foi 2,6 óbitos/100 internações. Dos 43 óbitos registrados, 74,4% ocorreram no sexo masculino e 37,2% na faixa etária de 60 a 79 anos. O aumento das internações pode se relacionar ao subdiagnóstico de hanseníase e ocorrência das reações hansênicas durante ou pós-tratamento com a PQT. A maior frequência no sexo masculina se associa com o menor acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico tardio nesta população. A frequência maior na população parda pode estar ligada a processos socioeconômicos históricos, como diferença de acesso e oportunidades. Embora de baixa letalidade, a hanseníase, se não tratada, é promotora de incapacidade física. Por se tratar de um problema de saúde púbica, faz-se necessária reforçar a busca ativa, atividades de detecção precoce e vigilância de contatos, no qual contribuem para a quebra da cadeia de transmissão da Hanseníase. |