Sífilis Congênita em Feira de Santana, Bahia: Análise da Série Histórica de 2007 a 2017. |
A sífilis tem como agente etiológico a bactéria Treponema pallidum. É uma doença infectocontagiosa e sistêmica, pode se apresentar de forma primária, secundária, terciária e latente. Em gestantes não tratadas, é possível a transmissão vertical por via placentária em qualquer estágio da gestação e em qualquer forma da doença, situação em que se origina a sífilis congênita. A sífilis congênita aumenta o risco de abortamento espontâneo, morte fetal, prematuridade e baixo peso. Objetivou-se descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de sífilis congênita no município de Feira de Santana, Bahia, no período de 2007 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, realizado a partir de dados secundários colhidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram notificados 699 casos em Feira de Santana. Em 2007 ocorreram 9 casos, enquanto que em 2017 ocorreram 102, o que correspondeu a um aumento de 1033%. O ano de 2016 concentrou 23,17% das notificações. Feira de Santana é o 2º município com maior número de casos de sífilis congênita no estado (7,83%), atrás da capital Salvador (47,26%). Do total de casos, 72,24% ocorreram na raça/cor parda, 20,74% das gestantes tinham escolaridade da 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental, 85,97% realizaram pré-natal e 83,83% ocorreram em zona urbana. Das gestantes que realizaram o pré-natal, apenas 49,5% tiveram diagnóstico de sífilis materna durante o mesmo, 27% após o parto e 16,6% no momento do parto/curetagem. Das gestantes que não realizaram o pré-natal, 54% obtiveram diagnóstico de sífilis materna após o parto e 32,9% no momento do parto/curetagem. Quanto aos recém-nascidos com sífilis congênita, 97,4% foram diagnosticados com até 6 dias, destes, 1,18% foram a óbito. Em 64,52% dos casos, os parceiros das gestantes não receberam tratamento. A sífilis congênita, condição completamente evitável, está em expansão em Feira de Santana. É possível que a assistência pré-natal em Feira de Santana ainda possua fragilidades: baixa cobertura e diagnóstico tardio da doença – recomenda-se triagem para sífilis no pré-natal no 1º trimestre e no início do 3º trimestre de gestação – além de baixa realização de tratamento dos parceiros das gestantes. São necessárias atividades de educação em saúde que reforcem o uso do preservativo nessa população, assim como medidas que incentivem a adesão dos parceiros ao tratamento. |