AVALIAÇÃO DA IMUNORREATIVIDADE DE UMA PROTEÍNA QUIMÉRICA CARREANDO UM EPÍTOPO ESTRUTURAL COM POTENCIAL DIAGNÓSTICO PARA VÍRUS ZIKA |
A América Latina e o Caribe enfrentam atualmente uma epidemia de infecção pelo Zika Vírus (ZIKV) com relatos de sequelas neurológicas severas. A necessidade de medidas profiláticas efetivas, bem como ferramentas diagnósticas para deter a disseminação da doença, são prioridades de saúde pública. O diagnóstico da infecção por ZIKV é dependente da correta identificação dos sintomas clínicos e da detecção viral por meio de técnicas moleculares. Contudo, o diagnóstico sorológico para diferenciar a infecção por ZIKV da infecção por outros Flavivirus permanece como meta inatingida, essencialmente devido à presença de anticorpos de reação cruzada. Nossa hipótese é de que antígenos diagnósticos devem exibir a estrutura nativa de epítopos virais únicos de ZIKV, a fim de possibilitar o seu reconhecimento por anticorpos específicos. Dessa forma, ferramentas computacionais foram utilizadas para identificar sequências curtas de aminoácidos com potencial de serem alvos de células B dentro da sequência proteica do envelope (E) de ZIKV. Esta proteína é o principal alvo de resposta humoral durante a infecção natural por Flavivirus e é considerada a melhor candidata para abordagens de vacinação e diagnóstico. Uma sequência de 9 resíduos foi identificada e transplantada computacionalmente para uma proteína carreadora chamada Top7. Esta sofreu múltiplas mutações para garantir que o epítopo fosse exibido em sua conformação nativa, mantendo a estabilidade e solubilidade da proteína carreadora. A avaliação da imunoreatividade do epítopo de ZIKV carreado pela Top7 foi realizada através de ensaios de ELISA, nos quais a proteína foi adequadamente reconhecida por anticorpos IgG específicos no soro de indivíduos infectados com ZIKV. Análises adicionais comparando amostras de soros de indivíduos ZIKV+ DENV- (n=6) e ZIKV- DENV+ (n=14) demonstraram que a proteína recombinante desenvolvida exibe 75% de sensibilidade e 50% de especificidade. Análises computacionais revelaram ainda que, embora a sequência enxertada não possua identidade com quaisquer outras sequências da proteína E do vírus Dengue (DENV), esta sequência exibe mais de 70% de identidade com NS2b e NS3 de DENV. Embora o emprego desta proteína como ferramenta diagnóstica não seja suficiente para diferenciar infecções por ZIKV e DENV, nossos resultados mostram o desenvolvimento de uma plataforma para desenhar antígenos com funções biológicas melhoradas passíveis de uso como vacinas ou ferramentas diagnósticas. |