AVALIAÇÃO DA IMUNORREATIVIDADE DE UMA PROTEÍNA QUIMÉRICA CARREANDO UM EPÍTOPO ESTRUTURAL COM POTENCIAL DIAGNÓSTICO PARA VÍRUS ZIKA
BRUNO HENRIQUE DE SOUSA LEITE 1, ISABELLE FREIRE TABOSA VIANA1, CATARINA MARIA CATALDI SABINO DE ARAÚJO1, ROBERTO DIAS LINS NETO1, CARLOS HENRIQUE BEZERRA DA CRUZ1
1. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
brunoleite8719@gmail.com

A América Latina e o Caribe enfrentam atualmente uma epidemia de infecção pelo Zika Vírus (ZIKV) com relatos de sequelas neurológicas severas. A necessidade de medidas profiláticas efetivas, bem como ferramentas diagnósticas para deter a disseminação da doença, são prioridades de saúde pública. O diagnóstico da infecção por ZIKV é dependente da correta identificação dos sintomas clínicos e da detecção viral por meio de técnicas moleculares. Contudo, o diagnóstico sorológico para diferenciar a infecção por ZIKV da infecção por outros Flavivirus permanece como meta inatingida, essencialmente devido à presença de anticorpos de reação cruzada. Nossa hipótese é de que antígenos diagnósticos devem exibir a estrutura nativa de epítopos virais únicos de ZIKV, a fim de possibilitar o seu reconhecimento por anticorpos específicos. Dessa forma, ferramentas computacionais foram utilizadas para identificar sequências curtas de aminoácidos com potencial de serem alvos de células B dentro da sequência proteica do envelope (E) de ZIKV. Esta proteína é o principal alvo de resposta humoral durante a infecção natural por Flavivirus e é considerada a melhor candidata para abordagens de vacinação e diagnóstico. Uma sequência de 9 resíduos foi identificada e transplantada computacionalmente para uma proteína carreadora chamada Top7. Esta sofreu múltiplas mutações para garantir que o epítopo fosse exibido em sua conformação nativa, mantendo a estabilidade e solubilidade da proteína carreadora. A avaliação da imunoreatividade do epítopo de ZIKV carreado pela Top7 foi realizada através de ensaios de ELISA, nos quais a proteína foi adequadamente reconhecida por anticorpos IgG específicos no soro de indivíduos infectados com ZIKV. Análises adicionais comparando amostras de soros de indivíduos ZIKV+ DENV- (n=6) e ZIKV- DENV+ (n=14) demonstraram que a proteína recombinante desenvolvida exibe 75% de sensibilidade e 50% de especificidade. Análises computacionais revelaram ainda que, embora a sequência enxertada não possua identidade com quaisquer outras sequências da proteína E do vírus Dengue (DENV), esta sequência exibe mais de 70% de identidade com NS2b e NS3 de DENV. Embora o emprego desta proteína como ferramenta diagnóstica não seja suficiente para diferenciar infecções por ZIKV e DENV, nossos resultados mostram o desenvolvimento de uma plataforma para desenhar antígenos com funções biológicas melhoradas passíveis de uso como vacinas ou ferramentas diagnósticas.



Palavras-chaves:  Engenharia de proteínas, ELISA, Sorologia