BIOLOGIA E DINÂMICA DA MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX NA FRONTEIRA BRASIL-FRANÇA |
A coinfecção malária-parasitoses intestinais são comuns nas regiões tropicais do planeta, embora prevalentes, pouco se sabe sobre essa interação na epidemiologia e no impacto da resposta imune do hospedeiro humano. Avaliamos a influência da infecção de parasitos intestinais em indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax . Levantamento transversal realizado no município do Oiapoque, Estado do Amapá, fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. O diagnóstico da malária foi realizado por gota espessa, a dosagem de hemoglobina por método automatizado, o exame fecal pelos métodos de Hoffman-Pons-Janer e Faust. Avaliação de anticorpos IgG contra a PvMSP-119 foi realizada por ELISA e as citocinas por citometria de fluxo. Foram incluídos 441 indivíduos agrupados de acordo com o seu estado de infecção: Maláricos [M 6,9% (30/441)], Coinfectados [CI 26,5% (117/441)], Enteroparasitos [E 32,4% (143/441)] e Controle endêmico [CE 34,2% (151/441)]. O gênero masculino prevaleceu entre os grupos M (77% - 23/30) e CI (60% - 70/117). Nos indivíduos investigados, 59% (261/441) foram infectados por algum tipo de parasito intestinal. Entre estes, 45,2% (118/161) estava infectado somente por helmintos, 40,9% (107/261) somente protozoários, e 13,8% (36/261) tinham infecções associadas. Dentre os helmintos o A. lumbricoides 19,9% (52/261) foi o mais prevalente, seguido de E. histolytica como protozoários mais frequente 5% (13/261). Pela análise de variância, houve diferença entre os níveis de hemoglobina nos diferentes grupos estudados (p < 0.01). Foram observadas diferenças entre a parasitemia e de gametócitos entre os grupos M e CI grupos (Wilcoxon- Mann - Whitney, p < 0.05). Com relação aos anticorpos contra PvMSP-119 51,2% (226/441) da população foram respondedores, sobretudo para o grupo CI 81,1% (95/117). As análises dos níveis de citocinas revelou variação nas concentrações sendo as citocinas TNF-α e IL-10 aumentados para os indivíduos do grupo CI. A coinfecção entre enteroparasitoses e P. vivax é uma realidade nesta localidade e não esteve associada com a redução da incidência, prevalência ou redução da parasitemia da malária. A coinfecção influência no perfil imunológico e hematológico do paciente com malária por P. vivax . Avaliar a possibilidade de que populações infectadas por parasitoses intestinais possam influenciar na dinâmica de transmissão e desfecho da resposta imune em indivíduos infectados com P. vivax , é fundamental para estratégias diagnósticas e preventivas. |