BIOLOGIA E DINÂMICA DA MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX NA FRONTEIRA BRASIL-FRANÇA
RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES 1,2, MARGARETE DO SOCORRO MENDONÇA GOMES1,2, KELLEN CRISTINA IGNÁCIO CARDOSO1,2, NATHALYE DIAS MARTINS1,2, ANAPAULA MARTINS MENDES1,2, TAMIRYS SIMÃO PIMENTA1,2, ALINE COLLARES PINHEIRO DE SOUSA1,2, MARIA IZABEL DE JESUS1,2, MARISTELA GOMES CUNHA1,2, ANDREA REGINA DE SOUZA BAPTISTA1,2, RICARDO LUIZ DANTAS MACHADO1,2
1. UFPA - Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários da Universidade Federal do Pará , 2. (LEMP) - UNIFAP - Laboratório de Estudos Morfofuncionais e Parasitários da Universidade Federal do Amapá, 3. LACEN - AP - Laboratório Central do Amapá, 4. UNIFAP - OIAPOQUE - Universidade Federal do Amapá/Campus Binacional-Oiapoque, 5. IEC - Instituto Evandro Chagas, 6. UFPA - Laboratório de Microbiologia e imunologia da Universidade Federal do Pará, 7. UFF - Universidade Federal Fluminense
ra-menezes@hotmail.com

A coinfecção malária-parasitoses intestinais são comuns nas regiões tropicais do planeta, embora prevalentes, pouco se sabe sobre essa interação na epidemiologia e no impacto da resposta imune do hospedeiro humano. Avaliamos a influência da infecção de parasitos intestinais em indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax . Levantamento transversal realizado no município do Oiapoque, Estado do Amapá, fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. O diagnóstico da malária foi realizado por gota espessa, a dosagem de hemoglobina por método automatizado, o exame fecal pelos métodos de Hoffman-Pons-Janer e Faust. Avaliação de anticorpos IgG contra a PvMSP-119 foi realizada por ELISA e as citocinas por citometria de fluxo. Foram incluídos 441 indivíduos agrupados de acordo com o seu estado de infecção: Maláricos [M 6,9% (30/441)], Coinfectados [CI 26,5% (117/441)], Enteroparasitos [E 32,4% (143/441)] e Controle endêmico [CE 34,2% (151/441)]. O gênero masculino prevaleceu entre os grupos M (77% - 23/30) e CI (60% - 70/117). Nos indivíduos investigados, 59% (261/441) foram infectados por algum tipo de parasito intestinal. Entre estes, 45,2% (118/161) estava infectado somente por helmintos, 40,9% (107/261) somente protozoários, e 13,8% (36/261) tinham infecções associadas. Dentre os helmintos o A. lumbricoides 19,9% (52/261) foi o mais prevalente, seguido de E. histolytica como protozoários mais frequente 5% (13/261). Pela análise de variância, houve diferença entre os níveis de hemoglobina nos diferentes grupos estudados (p < 0.01). Foram observadas diferenças entre a parasitemia e de gametócitos entre os grupos M e CI grupos (Wilcoxon- Mann - Whitney, p < 0.05). Com relação aos anticorpos contra PvMSP-119 51,2% (226/441) da população foram respondedores, sobretudo para o grupo CI 81,1% (95/117). As análises dos níveis de citocinas revelou variação nas concentrações sendo as citocinas TNF-α e IL-10 aumentados para os indivíduos do grupo CI. A coinfecção entre enteroparasitoses e P. vivax é uma realidade nesta localidade e não esteve associada com a redução da incidência, prevalência ou redução da parasitemia da malária. A coinfecção influência no perfil imunológico e hematológico do paciente com malária por P. vivax . Avaliar a possibilidade de que populações infectadas por parasitoses intestinais possam influenciar na dinâmica de transmissão e desfecho da resposta imune em indivíduos infectados com P. vivax , é fundamental para estratégias diagnósticas e preventivas.



Palavras-chaves:  Malária, Enteroparasitoses, coinfecção, citocinas, Amazônia brasileira