A EXPANSÃO URBANA DO KAMPÔ (Phillomedusa bicolor): “VACINA DO SAPO”
LILIAN DE MELO LUCENA 1, KAISA SILVA NASCIMENTO1, YANA PAULA ALMEIDA MONTEIRO CHAVES1, GABRIELLA GUIMARÃES GARCIA1, ELIZABETE FRANÇA EMÍDIO1, ISADORA ARCHANJO FERREIRA BRAGA1
1. UFS - Universidade Federal de Sergipe
LILIANMELO144@GMAIL.COM

Introdução: Nas últimas décadas, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da secreção da rã arbórea Phyllomedusa bicolor, chamada de kambô. Tradicionalmente usada como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico, nos centros urbanos tem seu uso como sendo uma vacina para múltiplas doenças. Objetivo: Analisar produções científicas que abordem a administração da “vacina do sapo” Desenho do estudo: Trata-se de uma pesquisa metodológica de caráter descritivo do tipo Revisão de Literatura. Métodos: Foram selecionados estudos indexados na base de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO), como também MedLine via PubMed. Resultados: Kambô ou Vacina do Sapo é realizado em muitos países da América do Sul, como a Bolívia, Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela.   No Acre, os índios aplicam a secreção para afastar o “panema” (espécie de fraqueza ou de má sorte), dando mais vigor aos caçadores. Vários peptídeos têm sido isolados a partir das secreções das espécies de Phyllomedusa , principalmente com propriedades antimicrobianas e opioides. O método de aplicação da secreção da rã consiste em fazer pequenas queimaduras na pele da pessoa usando um pequeno cipó, onde logo em seguida a secreção é colocada em contato. Em poucos minutos, surgem palpitações cardíacas, sudorese, náusea e vômito. Depois de mais alguns minutos, os efeitos desaparecem. Pouco se sabe em literatura sobre essa prática em populações não-indígenas. Atualmente a vacina do sapo vem sendo difundida pelo país através de clínicas de terapias alternativas e adeptos de religiões que utilizam a bebida ayahuasca. Discussão: Enquanto os índios utilizam o kambô para afastar a “panema” e diversos males, perfazendo um ritual com significado espiritual, os usuários não-indígenas procuraram esse tratamento para alguns problemas específicos (gastrite, reumatismo, diabete, alergias, etc.) e também por curiosidade. Os efeitos benéficos não são cientificamente comprovados em ensaios clínicos controlados randomizados. Conclusão: A maioria das pessoas não conhece o anfíbio que produz a secreção o que pode gerar problemas, caso retirem veneno de alguma espécie tóxica. O uso e difusão da vacina do sapo aumentam a oportunidade de biopirataria e violação dos direitos dos povos indígenas detentores desse conhecimento tradicional. Ademais, é necessária cautela devido à toxicologia dos peptídeos bioativos e a possibilidade de infecção das feridas.

Kampô; vacina indígena.



Palavras-chaves:  kampô, vacina do sapo, vacina indígena