ASSOCIAÇÃO ENTRE A CARGA DE PARASITÁRIA E FALHA TERAPÊUTICA EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA |
A Leishmania (Viannia) braziliensis é o agente causador de leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose mucosa (LM) e leishmaniose disseminada (LD). Como os parasitas são escassos no tecido e há uma resposta inflamatória exuberante, a patologia relacionada à infecção por L. braziliensis tem sido associada, principalmente, à resposta inflamatória do hospedeiro. Diante da necessidade em se obter um diagnóstico rápido e preciso em áreas afetadas pela leishmaniose, um estudo de associação da carga parasitária com a gravidade da doença faz-se necessário para uma melhor avaliação, e dessa maneira, diagnóstico e tratamento mais precisos. Este é um estudo de coorte retrospectiva, no qual investigamos a influência da carga parasitária na expressão da doença de pacientes com leishmaniose tegumentar americana (LTA) provenientes de Corte de Pedra-BA. Pacientes foram recrutados entre 2008 e 2011, e classificados de acordo com as definições da doença em três grupos: 139 pacientes com LC, 11 com LM e 44 com LD. Todos realizaram o diagnóstico para LTA por detecção de DNA do parasita por qPCR em amostras de biópsia da lesão. A carga de parasitas foi determinada por qPCR em tecidos obtidos a partir de biópsias dos pacientes. A carga parasitária apresentou-se maior em pacientes com LM, porém não alcançou significância estatística. Em pacientes com LC não foi observada associação entre a duração da doença, o número de lesões e a área da maior lesão, e a carga parasitária. Adicionalmente, observou-se que pacientes com carga parasitária elevada apresentaram alta taxa de falha terapêutica, consequentemente, utilizaram mais de uma série de antimonial e apresentaram maior tempo de cicatrização. Foi observada associação entre a carga parasitária com o número de cursos de antimonial (i.e. p=0,0038) e falha terapêutica (i.e. p=0,0381). A carga parasitária junto com a alta inflamação pode participar da patogênese da infecção por L. braziliensis , e a elevada carga parasitária é um fator de risco para falha na terapia antimonial. |