EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO ACRE CARACTERIZAÇÃO DE VETORES E LEISHMANIA CIRCULANTES
THAIS DE ARAUJO PEREIRA 1, DANIELA DE PITA PEREIRA1, MARIANA BOITÉ1, FRANKLIN SOUZA SILVA1, ISRAEL DE SOUZA PINTO1, REGINA BARBOSA MOREIRA1, ANDRESSA A. FUZARI RODRIGUES1, MARCIA OLIVEIRA1, REGINALDO PEÇANHA BRAZIL1, CONSTANÇA BRITTO1
1. LABIMDOE/IOC - Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas/ Instituto Oswaldo Cruz, 2. CPRR/FIOCRUZ - Centro de Referência Nacional e Internacional para Flebotomíneos/Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz, 3. LPL/IOC - Laboratório de Pesquisa em Leishmanioses/ Instituto Oswaldo cruz, 4. LIPMED/IOC - Laboratório Interdisciplinar de Doenças Medicas/Instituto Oswaldo Cruz, 5. LDP/IOC - Laboratório de Doenças Parasitárias/IOC
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No estado do Acre os casos de Leishmaniose Tegumentar (LT) vem aumentando, sendo Brasiléia o segundo município com maior número de notificações. Este estudo visa fornecer informações que auxiliem para a compreensão da situação epidemiológica da LT no município de Brasiléia. Com o apoio da Secretaria Municipal de Vigilância e Saúde do município, foram coletados flebotomíneos no período de Set/2013 à Jan/2015. Paralelamente com suporte do Centro de Saúde Fernando Azevedo Correia, foram coletadas amostras de pacientes com LT. Para a detecção de infecção por Leishmania , fêmeas de flebotomíneos foram individualmente processadas para extração de DNA e PCR multiplex para detecção simultânea da região conservada dos minicírculos do kDNA, gênero Leishmania e do gene constitutivo específico de flebotomíneos ( cacophony ). A identificação da espécie de Leishmania nas fêmeas foi realizada através de sequenciamento tendo como alvo o gene hsp70 . A preferência alimentar das fêmeas ingurgitadas foi verificada através de sequenciamento do alvo cyt b . Foram coletados 4.477 flebotomíneos, 2.176 machos e 2.301 fêmeas, e destas, 2.203 não ingurgitadas (866 utilizadas na avaliação de infecção natural) e 98 ingurgitadas (pesquisa de fonte alimentar). Identificamos 15 gêneros e 62 espécies. Na análise de infecção natural, foram identificadas 27/866 fêmeas positivas (3,12%) contendo DNA  das espécies L. (V.) braziliensis e L. (V.) guyanensis . Quanto às espécies de flebotomíneos positivas, Brumptomyia sp., Evandromyia termitophila e Pintomyia nevesi correspondem ao primeiro registro de infecção natural, além do estudo incriminar pela primeira vez no Brasil, a espécie Nyssomyia shawi como potencial vetor de L. (V.) guyanensis e L. (V.) braziliensis . A pesquisa de fonte alimentar identificou 15 espécies de vertebrados e em 8/98 fêmeas, foi possível verificar a presença de L. (V.) shawi , L. (V.) guyanensis e L. (V.) braziliensis . De 22 amostras coletadas de pacientes com suspeita de LT, 11 foram diagnosticadas com infecção por L. (V.) braziliensis , uma correspondeu à L. (V.) guyanensis, e 6 foram positivas para o gênero Leishmania spp., perfazendo um total de 81.8% (18/22) de amostras positivas. Com os dados obtidos neste trabalho, foi possível fornecer novos elementos para a melhor compreensão do ciclo de transmissão na área de estudo, com consequente aplicação na prevenção de surtos da doença no contexto de um programa de vigilância vetorial.



Palavras-chaves:  Leishmaniose, Vetores, Flebotomineos