EXAMES COMPLEMENTARES NO DIAGNÓSTICO DA CRIPTOCOCOSE: DIFERENÇAS EM INDIVÍDUOS COM E SEM AIDS
ROSIANNE ASSIS DE SOUSA TSUJISAKI 1, DARIO CORRÊA JUNIOR1, GLÁUCIA MOREIRA ESPÍNDOLA LIMA1, MAÍNA DE OLIVEIRA NUNES1, AMANDA BORGES COLMAN1, NATHÁLIA FRANCO RORIZ1, ANAMARIA MELLO MIRANDA PANIAGO1, MARILENE RODRIGUES CHANG1
1. UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
rosi_tsujisaki@hotmail.com

Criptococose é uma micose sistêmica causada por leveduras dos complexos Cryptococcus neoformans e C. gattii que acomete indivíduos imunocompetentes e imunocomprometidos. A partir do pulmão dissemina-se, via hematogênica, para outros sítios, com tropismo pelo sistema nervoso central. As manifestações clínicas da criptococose são inespecíficas e, diante de uma suspeita, o clínico solicita exames complementares para confirmar o diagnóstico, cujo padrão ouro é a cultura. Objetivou-se comparar alterações nos exames de raios-X de tórax e de líquido céfalo-espinhal (LCE) entre pacientes com e sem AIDS e criptococose. Este estudo é do tipo descritivo transversal onde se compara os resultados de exames de imagem e exames laboratoriais de pacientes com e sem AIDS e criptococose diagnosticada em Hospital Universitário de Mato Grosso do Sul de 2013 a 2016. Os resultados dos exames foram coletados do sistema informatizado do hospital. De 73 pacientes, 79,5% eram do sexo masculino, 57 (78,1%) com AIDS e 16 (21,9%) sem AIDS. Nos exames de raios-X observou-se 22 (35/57 realizados) e quatro alterados (10/16 realizados) em pacientes com e sem AIDS, respectivamente. Exame em LCE foi realizado em 58 (79,5%), sendo 44 (75,9%) em pacientes com AIDS e 14 (24,1%) em não-AIDS. Descrevem-se parâmetros quimiocitológicos do LCE como: % de leucócitos > 10/mm 3 (54,5 x 92,9), % média de linfócitos (78,3 x 78,7), média de proteínas (96,4 x 150,2 mg/dL), média de glicose (41,7 x 41,4 mg/dL) em pacientes com e sem AIDS, respectivamente. No exame micológico direto, a positividade foi de 75,0 x 78,6% e da cultura de 86,4 x 92,9%. Os agentes identificados foram C. neoformans em AIDS (100%) e C. neoformans (38,5%) e C. deuterogattii (61,5%) em não-AIDS. A maioria dos pacientes com AIDS apresentou alterações no raio-X de tórax, valor superior (62,9%) ao da literatura (aproximadamente 30%). No exame do LCE, valores maiores de número de leucócitos, proteínas, positividade da pesquisa direta e da cultura foram observados em HIV-negativos. Corroborando com outros estudos, C. neoformans foi a espécie mais isolada no LCE de pacientes com AIDS e C. deuterogattii em sem AIDS. Resultados dos exames de imagem e laboratoriais podem apresentar diferenças em pacientes com e sem AIDS. Pacientes com AIDS e neurocriptococose podem apresentar exames quimiocitológicos do LCE dentro dos valores considerados normais, dificultando assim o diagnóstico e o tratamento.



Palavras-chaves:  AIDS, criptococose, meningite criptocócica