LEISHMANIOSE NA FAIXA ETÁRIA PEDIÁTRICA: QUAL O IMPACTO DE CADA TIPO NO NÚMERO DE INTERNAÇÕES, GASTOS E MORTALIDADE NOS ÚLTIMOS 5 ANOS? |
Leishmaniose é uma doença tropical negligenciada, sendo um dos seis principais problemas de saúde pública no mundo. Apresenta incidência global, por ano, de 500.000 novos casos e mais de 50.000 mortes. O Brasil representa 97% de todos os casos no continente, atingindo principalmente a população infantil nos seis primeiros anos de vida. A importância dessa condição reside, além da alta incidência, no seu potencial de assumir formas graves e letais quando associadas a quadros de desnutrição e infecções concomitantes. Analisar as estatísticas, nos últimos 5 anos, de leishmaniose na faixa etária pediátrica, com enfoque no número de internações, gastos e mortalidade. Estudo quantitativo, populacional, descritivo, observacional e transversal, com base em dados disponíveis na plataforma DATASUS . De 01/2013 a 04/2018, registraram-se 9.930 internações em crianças de 0-19 anos, sendo 1.829 em 2013, 2.018 em 2014, 1.850 em 2015, 1.559 em 2016, 2.042 em 2017 e 632 até 04/2018. Das 7.845 internações de leishmaniose visceral (79%), foram gastos R$3.942.420,08 – 80% do total de R$4.900.677,18 –, com mortalidade de 2,29; das 325 internações de leishmaniose cutânea (3%), o gasto foi de R$124.135,80, com mortalidade de 1,23; das 135 de leishmaniose cutâneo-mucosa (2%), R$85.001,42, sem registros de mortalidade, por fim, para 1.625 internações referentes a outros tipos de leishmaniose (16%), gastaram-se R$749.119,88, associado à mortalidade de 2,52. Em todas as faixas etárias, a leishmaniose visceral foi o subtipo com maior ocorrência, sendo responsável por 80,9% de 0-1 ano (1.178 de um total de 1.456 internações); 81,4% de 1-4 anos (4.112 de 5.051 internações); 77,4% de 5-9 anos (1.324 de 1.710 internações), 71,7% de 10-14 anos (640 de 892 internações) e 71,9% de 15-19 anos (591 de 821 internações). O sexo masculino e a etnia parda foram os mais acometidos – 54% (5.346) e 52% (5.197), respectivamente. Foram somados 131.287 dias de permanência, com média de 13,2 dias por pacientes. Acerca do número de óbitos, foram observadas um total 225 mortes por leishmaniose, sendo a visceral a responsável por maior taxa (80% – 180). É válido lembrar que o tratamento medicamentoso salva muitas vidas, porém o paciente pode apresentar recidiva do quadro clínico ou resistência medicamentosa. Tais fatos, associado à indisponibilidade de vacina, acabam por dificultar o manejo da doença, acarretando em um aumento dos gastos públicos. |