Perfil Epidemiológico dos Casos de Esquistossomose Mansônica no Estado da Bahia. |
A esquistossomose mansônica (EM) é uma doença parasitária que foi introduzida no Brasil por meio do tráfico de escravos. Tem como agente etiológico o Shistosoma mansoni e como hospedeiro intermediário, na América, o caramujo de água doce Biomphalaria glabrata . O homem infectado pode eliminar ovos viáveis por até 20 anos. A doença possui formas agudas – assintomáticas e sintomáticas – e formas crônicas de acordo com o órgão mais acometido. É considerada um problema de saúde pública, sendo endêmica no território nacional, principalmente na região Nordeste. Objetivou-se descrever o perfil epidemiológico dos casos confirmados de EM no estado da Bahia, no período de 2010 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, de abordagem quantitativa, cuja fonte de dados é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Dentre a região nordeste, o estado da Bahia é o de maior notificação da EM: 5.503 casos, seguido do estado de Pernambuco. Para o período analisado, houve um pico de notificação em 2014, com 15,33% dos casos, porém verificou-se uma estabilidade no número de notificações entre os anos. A região de saúde de Itabuna (sul do estado) concentrou 33,4% dos casos. Do total de casos, 54,04% ocorreram no sexo masculino, 64,56% na raça/cor parda, 61,69% em zona de residência urbana, 36,43% na faixa etária de 20-39 anos e 23,96% em analfabetos e pessoas com 1ª a 4ª séries incompletas do ensino fundamental. Quanto à evolução da doença, houve cura em 43,01% dos casos, não cura em 0,9%, óbito por EM em 0,36%, óbito por outras causas em 0,16%; contudo, em 53,53% dos casos a evolução foi ignorada/em branco. O perfil epidemiológico encontrado revela que a EM é endêmica no estado da Bahia, já estabelecida em zonas urbanas. A população masculina e de baixo nível escolar pode ter maior exposição ao contato com reservas de água contaminadas pelo parasita e piores condições de saneamento básico. A EM impacta a faixa etária economicamente ativa. Mesmo com baixa nível de letalidade, é imprescindível o tratamento dos doentes de forma que o ciclo de transmissão da doença seja interrompido. Ainda é necessário ampliar as políticas de saneamento básico do estado e reforçar aos profissionais de saúde a importância do correto preenchimento das fichas de notificação. |