Leishmaniose Visceral Humana: Perfil Clínico-Epidemiológico dos Casos no Estado da Bahia.
HEROS AURELIANO ANTUNES DA SILVA MAIA1, JOICE DA SILVA SANTOS 1, PRISCILA SOARES GARCIA 1, ANA CAROLINA SILVA ASSUNÇÃO 1, DYALLE COSTA E SILVA 1, DEIVAM SÃO LEÃO LEITE 1, FILIPE MOTA FREITAS 1, GRAÇAS DE MARIA DIAS REIS 1, ILANE MOREIRA FIGUEREDO 1, JOÃO MÁRIO AGUIAR ABRANTES DOURADO1, MARIZE FONSECA DE OLIVEIRA1, VICTOR XAVIER DA SILVA 1
1. UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana, Curso de Medicina.
joices.medicina@gmail.com

A leishmaniose visceral humana (LV) é uma doença negligenciada considerada uma das seis endemias prioritárias no mundo pela Organização Mundial da Saúde. Caracteriza-se por febre prolongada, esplenomegalia, hepatomegalia, leucopenia, anemia, tosse, dor abdominal, diarreia, perda de peso e caquexia. O Brasil, junto a outros 5 países, concentra mais de 90% dos casos mundiais. Objetivou-se descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de LV no estado da Bahia, no período de 2007 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, de abordagem quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Foram notificados 3.754 casos no período, com redução do número de casos após um pico de notificação em 2014. Do total de casos, as macrorregiões de saúde mais afetadas foram a centro-norte (22,06%), leste (19,87%) e centro-leste (18,61%). Os municípios de maior ocorrência foram Salvador (14,75%) e Irecê (9,21%). O sexo masculino correspondeu por 61,98%, a raça/cor parda por 62,62%, a faixa etária de 1 a 4 anos de idade por 28% e a zona de residência urbana por 51,94%. Quanto ao tipo de entrada, 3,30% dos casos eram recidivas. A coinfecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi observada em 1,81% dos casos, porém 41,44% dos casos foram ignorados. O critério de confirmação foi laboratorial em 74,16% dos casos. Houve cura em 67,6% dos casos, óbito em 5,54% e abandono do tratamento em 0,53%. Dentre os óbitos, 35,01% ocorreram em crianças com até 4 anos de idade. A LV ainda é um problema de saúde pública no estado da Bahia, agravo já estabelecido nas zonas urbanas. A maior letalidade em crianças pode refletir a imaturidade imunológica e possíveis comorbidades associadas, como desnutrição, anemia e infecção pelo HIV. Há necessidade de reforçar as ações de saneamento básico, combate ao mosquito vetor e animais reservatórios; aumentar cobertura dos métodos diagnósticos, especialmente para a coinfecção com HIV, além de ampliar ações de saúde voltadas para a população com até 4 anos de idade.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Leishmaniose Visceral, Letalidade, Zoonoses