Meningites: Perfil Clínico-Epidemiológico dos Casos na Região Nordeste do Brasil. |
A meningite é um processo inflamatório das membranas leptomeníngeas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Pode ser causada por bactérias, vírus, protozoários, helmintos ou traumas. Apresenta amplo espectro clínico, que varia desde febre transitória e bacteremia oculta até formas fulminantes, com a morte do paciente em poucas horas após o início dos sintomas. A transmissão se dá pelo contato pessoa a pessoa, através de secreções respiratórias de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes. Objetivou-se descrever o perfil epidemiológico dos casos confirmados de meningite na região nordeste do Brasil entre os anos de 2007 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Foram notificados 44.003 casos de meningites, com redução de 71,1% no número de casos para o período. Os estados de Pernambuco e Bahia totalizaram 36,12% e 30,09% dos casos respectivamente. O sexo masculino representou 69% dos casos e a raça/cor parda 59%. As faixas etárias de 1 a 9 anos e dos 20 aos 39 anos foram as mais acometidas, com 37% e 19,7% respectivamente. Cerca de 85% dos casos ocorreram em zona de residência urbana. Em relação a etiologia, a viral foi a mais frequente (47,81%), seguida da não especificada (19,27%) e da bacteriana (13,66%). O critério de confirmação quimiocitológico foi empregado em 68,45%, seguido do critério clínico (10,41%) e da cultura (9,54%). As meningites meningocócicas e a meningococcemia representaram 8,54% dos casos. Dentre estas, o sorogrupo C foi responsável por 30,93%. Do total de casos, 84,31% evoluíram para cura, porém 8,45% foram a óbito por meningite. As maiores taxas de mortalidade foram representadas pela meningococcemia (38,29%) e pela meningite por Streptococcus pneumoniae (25,48%). Apesar da grande redução no número de casos a cada ano, as meningites ainda apresentam alta frequência e mortalidade na região Nordeste do Brasil. É necessário reforçar a imunização ativa especialmente na população com perfil aqui descrito e quanto à vacina anti-pneumocócica, agente etiológico de maior letalidade. Ademais, é fundamental estimular cursos de atualização para profissionais de saúde com objetivo de reduzir as taxas de subnotificação. |