CONHECIMENTO, PRÁTICA E PERCEPÇÃO SOBRE A INTERAÇÃO HUMANO-MARSUPIAL NA PROMOÇÃO DA SAÚDE |
Aproximadamente 60% dos patógenos emergentes são originados de animais silvestres, sendo os mamíferos os principais hospedeiros. Dentre os marsupiais do gênero Didelphis , os quais são restritos às Américas, as espécies Didelphis aurita e Didelphis albiventris se destacam pela ampla distribuição no Brasil e por atuarem como hospedeiros de diversos patógenos transmissíveis para humanos. A redução dos habtats naturais resultou na adaptação dessas espécies ao ambiente humano. A caça desses animais, por necessidade alimentar ou hábito cultural, intensifica a exposição a patogênos com potencial zoonótico. De novembro a dezembro de 2016, foram aplicados questionários semiestruturados a uma comunidade rural no nordeste do Brasil, abordando conhecimentos, práticas e percepções sobre a interação humano-didelfídeos e a possível exposição a zoonoses. O total de respondentes foi 213. Com base em fotografias das espécies D. albiventris e D. aurita , 91.2% e 78%, respectivamente, foram identificadas pelo nome popular de sariguê. 61% (130/213) acreditam que o sariguê possa transmitir doenças, 4.7% (10/213) declararam que não transmite e 34% (74/213) não souberam responder. O consumo de carne de sariguê foi declarado por 20.2% (43/213), dos quais 58.1% (25/43) admitem a possibilidade de transmissão de doenças por esses animais. Apenas 15.9% (34/213) dos respondentes tinham nível de escolaridade média ou superior. A distribuição destas frequências é discutida de acordo com o nível educacional dos respondentes. Os resultados revelam a necessidade de realizar ações de comunicação em saúde, promovendo o conhecimento da comunidade sobre a possível exposição a patógenos decorrente do consumo desses marsupiais. |