ECOEPIDEMIOLOGIA DE TRIATOMA BRASILIENSIS NOS ESTADOS DA PARAÍBA E RIO GRANDE DO NORTE: INDICADORES ENTOMOLÓGICOS E ESTRUTURAS ECOTÍPICA E COMPOSICIONAL ETÁRIA
MAURÍCIO LILIOSO1, ELAINE FOLLY-RAMOS1, FABIANA LOPES ROCHA1, CLEANNE LIMEIRA1, JORGE RABINOVICH1, CLAIRE CAPDEVIELLE-DULAC1, MYRIAM HARRY1, PAULA MARCET1, JANE COSTA1, CARLOS EDUARDO ALMEIDA1
1. UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba, 3. UNLP - Universidad Nacional de La Plata, 4. CNRS - Centre national de la recherche scientifique, 5. CDC - Centers for Disease Control and Prevention, 6. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
mauriciolilioso@hotmail.com

A doença de Chagas afeta cerca de oito milhões de pessoas no mundo, classificando-se entres as principais parasitoses. A transmissão vetorial ainda apresenta alta importância epidemiológica, e no Nordeste brasileiro o Triatoma brasiliensis é o principal vetor do Trypanosoma cruzi . Avaliamos os riscos impostos por T. brasiliensis na epidemiologia Chagásica em distintos municípios da Paraíba (PB; Cajazeiras, S. José de Espinharas, Condado, Sta. Teresinha e S. Mamede) e Rio Grande do Norte (RN; Caicó e Currais Novos) com a aplicação de indicadores entomológicos. O índice de infecção natural e a diversidade de T. cruzi foram também avaliados por técnicas moleculares. Com as informações de campo, a estrutura composicional etária de populações de T. brasiliensis foi caracterizada. Um total de 3.021 triatomíneos foi capturado, com uma destacada prevalência de T. brasiliensis (80%), seguido por T. pseudomaculata (16%) e T. petrocchiae (4%). Embora Condado tenha apresentado os mais altos índices de infestação (50%) e colonização (40%) domiciliar, estes foram acompanhados por índices nulos de infeção natural e de baixa densidade triatomínica (10,1 insetos/casa). Já em Currais Novos houve a mais alta densidade triatomínica (41,1 insetos/casa) e valores também altos de infestação (37%) e colonização domiciliar (37%), bem como de infecção natural (média de 24,4%). Nos municípios da PB os insetos peridomiciliares são encontrados principalmente em galinheiros ao passo que em Currais Novos (RN) os amontoados de pedras, paralelepípedos e galhos no peridomicílio estão infestados tanto por T. brasiliensis , quanto por roedores silvestres da família Caviidae– possíveis reservatórios. A mais baixa prevalência de infecção por T. cruzi em populações silvestres de T. brasiliensis nos pontos de PB (média de 3,4%) se comparado aos pontos amostrados do RN (média de 51,8%) está possivelmente associada à degradação ambiental observada na PB. Técnicas moleculares apontaram a presença das duas linhagens do parasita coabitando tanto no peridomicílio quanto no ambiente silvestre. De setembro a dezembro foi observada maior incidência de adultos nos ambientes silvestres, em relação às coletas de março e aos trabalhos encontrados na literatura. Estes resultados alertam para a possibilidade de uma maior incidência de invasões domiciliares pelas formas alares de T. brasiliensis nos últimos meses do ano.



Palavras-chaves:  doença de Chagas, Triatoma brasiliensis, vigilância entomológica