NEURITE ÓPTICA SIFILÍTICA: UMA RARA APRESENTAÇÃO DE UMA PREVALENTE DOENÇA
VITOR MATHEUS ALVES PEREIRA 1, RAYANA LÉLIS RICARTE CAVALCANTI1, EDUARDA MARIA FERREIRA LOPES1, AMÉRICO DANUZIO PEREIRA DE OLIVEIRA1, ANA REGINA VIEIRA PEIXOTO E LUCENA1
1. UPE - Universidade de Pernambuco
VITORMATHEUSALVP@GMAIL.COM

Causada pela bactéria espiroqueta treponema pallidum , a neurossífilis (NS) se caracteriza pelo acometimento do Sistema Nervoso Central (SNC). Essa forma de infecção sifilítica compreende a forma precoce, que afeta, principalmente, meninges, líquido cefalorraquidiano (LCR) e a vascularização do SNC e outra tardia, mais grave, que afeta, preferencialmente, o parênquima do SNC. Atualmente, formas oligossintomáticas ou atípicas da NS têm sido descritas em contraste com as manifestações clássicas da doença. O objetivo é relatar um caso de NS atípico, caracterizado por neurite óptica em paciente previamente imunocompetente. F.A.S., feminino, 53 anos, referiu baixa de acuidade visual bilateral de forma aguda associada a escotomas centrais, sem cefaleia na evolução do quadro. À admissão hospitalar, a acuidade visual era de 20/80 no olho direito e visão, a 30 centímetros, pior que 20/400 no olho esquerdo; não se observou alterações dos reflexos pupilares. O exame de Fundoscopia evidenciou importante edema de papila bilateral. Demais pares cranianos e longas vias não mostravam alterações. Iniciada investigação, a ressonância magnética de encéfalo com contraste foi normal, o estudo de líquido cefalorraquidiano mostrou pleocitose com predomínio de linfócitos e monócitos, hiperproteinorraquia, VDRL >1/128 e sorologia para HIV foi negativa. Realizadas VDRL e sorologias séricas para sífilis, ambas positivas. Diante do diagnóstico de NS, foi indicado tratamento com penicilina cristalina intra-hospitalar por 14 dias. Paciente evolui com melhora de acuidade visual - correção para longe de 20/80 para olho direito e 20/150 para olho esquerdo. Além disso, observa-se em ambos os olhos, nervo óptico corado, edema de papila em regressão quase total, atrofia peripapilar mais intensa em olho esquerdo e mácula sem alterações. Neurite óptica deve ser investigada em pacientes que se apresentem com baixa de acuidade visual aguda. Embora pouco comum, a infecção por sífilis deve ser lembrada como uma das possíveis etiologias, dada a diversidade de manifestações clínicas, fazendo por merecer, há séculos, a designação de grande dissimuladora, assemelhando-se a entidades patológicas diversas, desde congênitas, infecciosas, autoimunes, degenerativas, inflamatórias e neoplásicas.



Palavras-chaves:  Diagnóstico diferencial, Neurite óptica, Neurossífilis