LEISHMANIOSE VISCERAL EM PACIENTES COM HIV INTERNADOS EM TRÊS HOSPITAIS DE REFERÊNCIA EM RECIFE, PERNAMBUCO |
A leishmaniose visceral (LV) é a forma das leishmanioses mais associada ao HIV. A infecção pelo HIV aumenta o risco de desenvolvimento de LV em pessoas de áreas endêmicas de leishmaniose, com pior prognóstico quando em coinfecção. O Brasil está entre os seis países com maior número de casos de LV no mundo e em primeiro nas Américas, e Pernambuco é considerado área endêmica para LV. Com o objetivo de estimar a prevalência da coinfecção LV/HIV em Pernambuco, realizamos um estudo transversal em pacientes internados em três hospitais de referência para HIV/AIDS do Recife. Ainda, comparamos características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais entre coinfectados e mono-infectados pelo HIV. A amostra foi composta por pessoas com HIV e idade igual ou superior a 18 anos. O período de coleta de dados foi de seis meses em cada hospital. Realizamos quatro testes para Leishmania – PCR em sangue periférico, DAT, rK39 e Katex – e indivíduos com pelo menos um teste positivo foram considerados coinfectados. Nesses, aspirado de medula óssea era oferecido. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães (CAAE 13197313.6.0000.5190) e teve financiamento da FACEPE (APQ 1712-4.01/15). A prevalência da coinfecção LV/HIV encontrada foi de 16,9% (35/207). Por teste, a prevalência foi de 1,5% com rK39 (3/204), 11,3% com DAT (23/204), 1,1% com Katex (2/185) e 3,9% com PCR 3,9% (8/207). Em 18 dos 35 co-infectados foi realizado aspirado de medula óssea, com dois positivos. Os sintomas mais frequentes na população estudada foram perda de peso (75,6%), febre (67,6%) e tosse (55,3%). Quando comparamos os grupos de coinfectados LV/HIV com os de mono-infectados pelo HIV, não observamos diferenças estatisticamente significantes. Baixa escolaridade (p = 0,004) e palidez (p = 0,009) foram mais frequentes no grupo co-infectado, e o nível sérico de albumina foi maior nos indivíduos co-infectados (p = 0,009). A prevalência encontrada foi alta, com grande variação de acordo com o teste de Leishmania utilizado e com baixa coincidência de positividade nos testes. Faz-se necessário acompanhar esses indivíduos para melhor compreender a dinâmica da LV em pessoas que vivem com HIV, principalmente pelo elevado número de assintomáticos para LV. Dada a alta prevalência e a potencial gravidade dessa coinfecção, sugerimos que a testagem para LV faça parte da investigação inicial nas pessoas diagnosticadas com HIV. Coinfecção; HIV; Leishmaniose visceral. |