LEISHMANIOSE VISCERAL EM PACIENTES COM HIV INTERNADOS EM TRÊS HOSPITAIS DE REFERÊNCIA EM RECIFE, PERNAMBUCO
DIEGO LINS GUEDES 2,1, ANDRÉ AUGUSTO ALVES DA ROCHA2,1, ELIS DIONÍSIO DA SILVA2,1, MARIANA SANTANA DA SILVA2,1, MARIA ALMERICE LOPES DA SILVA2,1, AMANDA VIRGINIA BATISTA VIEIRA2,1, AUDREY VIOLETA MARTINS DE VASCONCELOS2,1, PAULO SÉRGIO RAMOS DE ARAÚJO2,1, ZULMA MARIA DE MEDEIROS2,1, DEMÓCRITO DE BARROS MIRANDA-FILHO2,1
1. IAM / FIOCRUZ-PE - Instituto Aggeu Magalhães / Fiocruz-PE, 2. UFPE - CAA - Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste, 3. UPE - Universidade de Pernambuco, 4. HEMOPE - Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco
diego_lins@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é a forma das leishmanioses mais associada ao HIV. A infecção pelo HIV aumenta o risco de desenvolvimento de LV em pessoas de áreas endêmicas de leishmaniose, com pior prognóstico quando em coinfecção. O Brasil está entre os seis países com maior número de casos de LV no mundo e em primeiro nas Américas, e Pernambuco é considerado área endêmica para LV. Com o objetivo de estimar a prevalência da coinfecção LV/HIV em Pernambuco, realizamos um estudo transversal em pacientes internados em três hospitais de referência para HIV/AIDS do Recife. Ainda, comparamos características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais entre coinfectados e mono-infectados pelo HIV. A amostra foi composta por pessoas com HIV e idade igual ou superior a 18 anos. O período de coleta de dados foi de seis meses em cada hospital. Realizamos quatro testes para Leishmania – PCR em sangue periférico, DAT, rK39 e Katex – e indivíduos com pelo menos um teste positivo foram considerados coinfectados. Nesses, aspirado de medula óssea era oferecido. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães (CAAE 13197313.6.0000.5190) e teve financiamento da FACEPE (APQ 1712-4.01/15). A prevalência da coinfecção LV/HIV encontrada foi de 16,9% (35/207). Por teste, a prevalência foi de 1,5% com rK39 (3/204), 11,3% com DAT (23/204), 1,1% com Katex (2/185) e 3,9% com PCR 3,9% (8/207). Em 18 dos 35 co-infectados foi realizado aspirado de medula óssea, com dois positivos. Os sintomas mais frequentes na população estudada foram perda de peso (75,6%), febre (67,6%) e tosse (55,3%). Quando comparamos os grupos de coinfectados LV/HIV com os de mono-infectados pelo HIV, não observamos diferenças estatisticamente significantes. Baixa escolaridade (p = 0,004) e palidez (p = 0,009) foram mais frequentes no grupo co-infectado, e o nível sérico de albumina foi maior nos indivíduos co-infectados (p = 0,009). A prevalência encontrada foi alta, com grande variação de acordo com o teste de Leishmania utilizado e com baixa coincidência de positividade nos testes. Faz-se necessário acompanhar esses indivíduos para melhor compreender a dinâmica da LV em pessoas que vivem com HIV, principalmente pelo elevado número de assintomáticos para LV. Dada a alta prevalência e a potencial gravidade dessa coinfecção, sugerimos que a testagem para LV faça parte da investigação inicial nas pessoas diagnosticadas com HIV. Coinfecção; HIV; Leishmaniose visceral.



Palavras-chaves:  Coinfecção, HIV, Leishmaniose visceral