PARACOCCIDIOIDOMICOSE TIPO JUVENIL NA GESTAÇÃO: UM RELATO DE CASO |
A paracoccidioidomicose (PCM) é causada pela inalação das estruturas do fungo Paracoccidioides brasiliensis e é considerada a mais importante infecção fúngica da América Latina. Subdivide-se em duas formas principais: juvenil e crônica. O presente trabalho tem como objetivo apresentar o caso de uma gestante com 19,1 semanas, 16 anos, apresentando linfonodomegalias sem sinais flogísticos, mas dolorosos a palpação. Além disso, apresentava febre, mialgia e perda de peso de 14 kg em 15 dias. Referiu contato com familiares com tuberculose pulmonar. Ao exame, visualizou-se linfoadenomegalia cervical, que também se estendia até região retroauricular e submandibular, além de região axilar, inguinal e poplíteas bilateralmente. Foram observadas lesões papulonodulares na pele em face, cotovelo e membro inferior esquerdos, com umbilicação central e não pruriginosas. O raio-x de tórax demonstrava aumento de área cardíaca e o ecocardiograma confirmou um derrame pericárdico discreto. PPD e hemocultura negativos. Biópsia linfonodal com linfadenite crônica granulomatosa com múltiplas células gigantes fagocitando estruturas fúngicas, compatíveis com PCM, confirmado pela cultura. Iniciou-se tratamento com anfotericina B desoxicolato, contudo devido efeitos colaterais foi substituída por sulfametoxazol-trimetropina até a estabilização do quadro. Na alta hospitalar, foi indicado o esquema especial com anfotericina lipossomal. Retornou à obstetrícia com 37 semanas para parto eutócico. Deu à luz a um RN a termo, PIG e baixo peso. Apresentava-se com melhora clínica e laboratorial considerável, com regressão dos sintomas. Após o parto, a terapêutica foi substituída por Itraconazol, tendo sido contraindicada amamentação em ocasião do uso do medicamento. O caso relatado tem clínica compatível com a forma juvenil da PCM. Até a puberdade ambos os sexos são igualmente afetados, após este período há uma incidência mais baixa em mulheres devido ao efeito protetor dos estrogênios contra o fungo, sendo incomum o acometimento em mulheres em idade fértil, especialmente em gestantes. Torna-se mais grave por se tratar do binômio mãe-feto, apresentando limitações terapêuticas. Contudo, obteve-se regressão dos sintomas maternos, além de sucesso em manter a gestação a termo e o nascimento de um RN, PIG, porém sem sequelas. |