PERFIL ENTOMOLÓGICO E SOCIOECONÔMICO DA POPULAÇÃO RURAL QUE RESIDE EM ÁREA DE SURTO CHAGÁSICO NO ESTADO DE RIO GRANDE DO NORTE
JACKELINE LARA 1, MAURICIO LILIOSO1, MARIA RITA DONALISIO1, ELAINE FOLLY RAMOS1, TARCIANNE MARIA DE LIMA OLIVEIRA1, LUCIA ABRANTES1, CARLOS EDUARDO DE ALMEIDA1
1. IB UNICAMP - Instituto de Biologia. Universidade Estadual de Campinas, 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba , 3. SESAP - Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte, 4. FCM. UNICAMP - Faculdade de Ciências Medicas. Universidade Estadual de Campinas
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A doença de Chagas está na lista de doenças tropicais negligenciadas, caracterizada por estar presente em populações com maior vulnerabilidade social. O agente etiológico é o Trypanosoma cruzi, cujo principal mecanismo de transmissão no Brasil é através de vetores ou pela ingestão acidental de alimento contaminado com esses tripanosomatídeos. No estado do Rio Grande do Norte, um surto chagásico foi registrado recentemente com 18 casos confirmados, havendo duas mortes. Neste estudo, objetivou-se investigar a distribuição de espécies autóctones de triatomíneos, fazendo buscas ativas nos domicílios, peridomicílios e área silvestre dos habitantes próximos à área do surto. Entrevistas foram desenvolvidas com a população para reconhecer as variáveis socioeconômicas e culturais, possivelmente facilitadoras do surto. Foi usado uma adaptação do Critério de Classificação Econômica Brasil. A classe, A1 tem uma renda média familiar de R$9.733,00; A2, R$6.564,00; B1, R$3.470,00,00; B2, R$2.013,00; C1, R$1.195,00; C2, R$726,00; D, R$485,00 e E, R$277,00. Tanto as coletas de triatomíneos como as entrevistas foram realizadas em 67 casas. As entrevistas tiveram a aprovação do comitê de ética da Unicamp (parecer n° 2.631.532) . Do total de casas investigadas 30 (44,7%) foram positivas para triatomíneos, das quais 4 (13,3%) foram positivas para insetos infectados por T. cruzi . As espécies encontradas foram : T. brasiliensis (937), R. nasutus (7) e T. pseudomaculata (244). Quanto ao aspecto sociodemográfico , observa-se que 51 (76,1%) eram mulheres. No que se refere à faixa etária 60% estão entre 51 e 90 anos. Os anos de estudo dos pais 70% tinha até 5 e os filhos 57% até 10. Segundo o critério ABEP, 30,3% estão na classe C2, seguido de C1 27,3%; D 22,7%; B2 12,1%; B1 3%; E 3% e A2 1,5%. O perfil sociodemográfico mostra que a maioria são mulheres com idades ≥ 50 anos, analfabetas/primário incompleto e com uma renda média de R$726,00. Da população entrevistada, 92,5% reconhece o vetor e o risco imposto por ele para transmissão da doença pela picada, mas nenhum morador relatou reconhecer o risco de transmissão oral da doença de Chagas. Com este estudo concluiu-se que é necessário aprimorar o conhecimento da população no tocante aos riscos de infecção Chagásica oral.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Entomologia médica, Perfil sociodemográfico