EVIDÊNCIA DE HERPESVIROSES EM PRIMATAS NÃO HUMANOS ENCONTRADOS MORTOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DURANTE O SURTO DE FEBRE AMARELA EM 2017
FLÁVIA FREITAS DE OLIVEIRA BONFIM 1, MARIA ANGÉLICA  MONTEIRO DE MELLO MARES-GUIA 1, MARCO AURELIO PEREIRA HORTA 1, CARLOS ALEXANDRE REY MATIAS1, MARCELO ALVES PINTO 1, ANA MARIA BISPO DE FILIPPIS1, VANESSA SALETE DE PAULA1
1. FIOCRUZ - Laboratório de Virologia Molecular, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brazil, 2. FIOCRUZ - Laboratório de Flavivírus, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brazil, 3. FIOCRUZ - Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brazil, 4. UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
flaviabiomar@gmail.com

      A família Herpesviridae abriga um grande número de vírus que infectam uma gama de tipos de animais, inclusive os símios. A transmissão dos seres humanos para os primatas não humanos pode ocorrer através de arranhões, contato com lesões, saliva infectada e principalmente através de alimentos oferecidos contaminados aos macacos. A estreita relação entre humanos e primatas não humanos torna susceptíveis ambos hospedeiros de se infectarem com diferentes espécies de herpevírus que não as características de infecções naturais propiciando a transmissão entre espécies. Por isso, infecções cruzadas podem levar a uma doença grave e até a morte. Em 2017, durante o surto de febre amarela ocorrido no Brasil, principalmente no estado do Rio de Janeiro, grande parte dos primatas não humanos, dos genêros Sapajus sp (n:7), Leontopithecus sp (n:1), Alouatta sp (n:11), Callithrix sp (n:266), foram negativos para a febre amarela e a causa de óbitos desses animais não foi identificada. O presente estudo tem como objetivo investigar e detectar circulação de herpesvírus na população de primatas não humanos que foram negativos para a infecção de febre amarela. As 285 amostras de tecido de fígado foram extraídas em ambiente e segurança NB3 e testadas para detecção de herpesvirus pela técnica de Pan -PCR, que amplifica a região conservada da polimerase (DPOL) e permite a detecção simultânea dos vírus da família Herpesviridae . As amostras positivas foram sequenciadas para a identificação da espécie viral ou testadas para PCR específico para detecção de Alfaherpesvirus. A prevalência encontrada foi de 34,4% (98/285) de herpesvirus em primatas não humanos. Através do sequenciamento foi detectado o herpesvírus Callitrichine herpesvirus 3 (CalHV-3), positivas para vírus homólogo ao Epstein-Barr, espécie-especifica dos Callithrix sp. O CalHV-3 pode causar doença linfoproliferativa apresentando linfomas de células B, podendo ser fatal tanto nesta espécie de primatas como em outras. E foi detectado também a circulação do herpes vírus 1. Sendo os primatas não humanos parte importante no eixo fundamental de ecossistemas equilibrados, a proteção e a investigação dos possíveis agentes etiológicos nessas populações é de grande importância. Espera-se que as contribuições dos resultados deste trabalho venham intensificar a vigilância e levantar dados para conscientizar a população sobre o manejo e o estreito contato com os primatas não humanos em espaços públicos, florestas e ambientes urbanos.



Palavras-chaves:  Herpesvírus, Macaco, Prevalência