AVALIAÇÃO DAS LESÕES NO CÓLON NA INFECÇÃO POR DIFERENTES FORMAS INFECTIVAS DO TRYPANOSOMA CRUZI |
Com a redução da incidência de casos de doença de Chagas (DC) em países endêmicos por meio de medidas de combate ao vetor, melhoria das moradias e controle dos bancos de sangue, a infecção por formas tripomastigotas sanguíneas ganha importância, devido ao aumento de migrantes chagásicos para países não endêmicos, onde não há controle no banco de sangue e transplante de órgãos. Além disso, trabalhos do nosso grupo de pesquisa já demonstraram que a infecção pelas formas infectivas do Trypanosoma cruzi, tripomastigota metacíclica – TM ou tripomastigota sanguínea – TS acarretam em um distinto perfil imunopatológico no sangue periférico. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros patológicos relacionados às fases aguda e crônica da infecção experimental em camundongos Swiss infectados pelas formas TM e TS da cepa VL-10, no cólon. Foram utilizados 126 camundongos Swiss, machos, divididos em três grupos experimentais: grupo controle não-infectado, grupo infectado com formas TS e grupo infectado com formas TM. Foi avaliado a curva de parasitemia e a taxa de sobrevida; o processo inflamatório e o parasitismo tecidual no cólon. Animais infectados com a forma TS apresentaram pico de parasitemia de 710.000 tripomastigotas/0,1 mL de sangue no 27º dia após infecção (DAI), enquanto que os animais infectados com as formas TM apresentaram níveis parasitêmicos mais elevados (3.406.000 tripomastigotas/0,1 mL de sangue) sendo o dia do pico máximo no 20º DAI. Quanto a taxa de sobrevida, animais infectados com a forma TS apresentaram taxa de sobrevida de 100%, já os animais infectados com formas TM apresentam taxa de sobrevida de 21% no 120° DAI. Animais de ambos os grupos apresentaram presença de processo inflamatório no 14 e 50 DAI quando comparados ao grupo controle. Entretanto, no grupo TS há uma redução do processo inflamatório na fase crônica da doença – 180 DAI, e o mesmo não é observado para os animais do grupo TM. Em relação ao parasitismo tecidual, animais infectados com formas TM apresentaram elevado parasitismo tecidual no 14º e 50º DAI quando comparados aos animais do grupo TS no 7º DAI. Esses resultados indicam que a infecção por formas TM apresenta maior letalidade e é capaz de promover um processo inflamatório mais intenso e prolongado no cólon de animais infectados por essas formas, reforçando a hipótese de que a interação inicial com as diferentes formas infectantes pode influenciar no curso da DC. |