ADOECIMENTO DE PESSOAS COM HANSENÍASE MULTIBACILAR A PARTIR DE SEUS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS
SUYANNE FREIRE DE MACÊDO 1,2, ALCIENE PACHECO DA SILVA1,2, EDUARDO CARVALHO DE SOUZA1,2, ELIZIANE OLIVEIRA DE LIMA1,2, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA1,2
1. UECE - Universidade Estadual do Ceará, 2. UFPI - Universidade Federal do Piauí
suyanneefreire@hotmail.com

INTRODUÇÃO: A hanseníase é considerada como um grave problema de saúde pública, com repercussões físicas, sociais e psicológicas, por ser uma doença crônica, de evolução lenta, infectocontagiosa, e que possui uma alta infectividade e baixa patogenicidade, causada pelo Mycobacterium leprae , que se instala nos nervos periféricos e causa alterações dermatológicas e neurológicas. OBJETIVO: Descrever a experiência do adoecimento de pessoas com hanseníase multibacilar a partir de seus itinerários terapêuticos. DESENHO DO ESTUDO: descritivo com abordagem qualitativa, baseado nos itinerários terapêuticos de pessoas com hanseníase multibacilar em município hiperendêmico do nordeste do Brasil, com notificações de 2001 a 2015. MÉTODO: Foram realizadas 39 entrevistas de pessoas com hanseníase multibacilar, em um município hiperendêmico para hanseníase no leste maranhense. RESULTADOS: Por meio dos itinerários terapêuticos, o usuário descreveu fatos e escolhas que fez ao longo desse percurso em busca do diagnóstico e tratamento, além de, identificar as múltiplas redes de cuidado e de atenção nesse processo. As falas evidenciaram que a demora na busca por atendimento nos serviços de saúde se deu por falta de informações sobre os sinais e sintomas da doença por parte dos usuários. As pessoas afirmaram que retornaram ao serviço mais de duas vezes, inclusive em serviços de referência, até receber o diagnóstico e iniciar o tratamento, sendo que passaram por mais de uma instituição e ou profissionais. Visto que, as manchas são confundidas com pano branco, micose e impingem, tanto pelas pessoas acometidas, como pelos profissionais no primeiro momento. A experiência do adoecimento da hanseníase, para a maioria dos pacientes foi e é muito difícil, principalmente por ter feito tratamento de 12 meses, que acarretou a mudança de cor da pele, episódios reacionais frequentes e internações. Além disso, lidar com as manchas que não somem, com o preconceito e as muitas dores que para a maioria dos entrevistados os “atormentam por mais de 10 anos e não os deixam esquecer que tiveram esse mal”. DISCUSSÃO: A hanseníase multibacilar causa um mal irreparável na vida das pessoas que terão que conviver com a lembrança, o estigma e ou sequelas permanentes da doença por toda a vida, seja ela física ou psicológica. CONCLUSÃO: A hanseníase é uma doença que demanda ações de educação em saúde para a comunidade e de capacitação em serviço para os profissionais.



Palavras-chaves:  Hanseníase, Acesso aos Serviços de Saúde, Epidemiologia