LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA: LETALIDADE NO ESTADO DO CEARÁ, 2001-2015
FRANCISCO ROGER AGUIAR CAVALCANTE 1, JARIER DE OLIVEIRA MORENO1, KELLYN KESSIENE DE SOUSA CAVALCANTE1, CARLOS HENRIQUE MORAIS DE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará
fcoroger@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de transmissão vetorial crônica grave, potencialmente letal, onde aproximadamente 90% dos casos vão a óbito quando não tratados. A importância de analisar a letalidade está em avaliar a qualidade dos serviços de vigilância e atenção à saúde. Objetivou-se analisar a letalidade por LV humana no Ceará, de 2001 a 2015, com um estudo ecológico do coeficiente de letalidade dos 184 municípios do Ceará. Os dados foram provenientes do Sistema de Informações de Agravos de Notificação e analisados com o uso do programa de geoprocesamento Qgis 2.14.8, realizando uma categorização da letalidade dos municípios em intervalos iguais. Dos 183 municípios com casos de LV, 87 (47,5%) registraram óbito por esta causa, com letalidade média de 3,1%. Destes municípios, 52 (28,4%) apresentaram letalidade acima de 5%, 16 (8,7%) acima de 10% e oito (4,3%) acima de 15%. Os municípios com maior letalidade foram os localizados nas regiões norte, sul e região metropolitana da capital. A existência de óbito por LV é uma indicação de que ou os serviços de vigilância e assistência à saúde estão falhos ou a causa mortis está associada a outros fatores como, complicações no tratamento, doenças pré-existentes e abandono. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), as doenças infecciosas e metabólicas são fatores de agravamento e risco de morte por LV, dentre elas, a infecção por HIV, dengue, doença de Chagas, alcoolismo, hipertensão, diabetes e doenças imunossupressoras. Para o programa de controle de LV, os municípios com alta incidência devem ter serviços de assistência à saúde mais sensíveis e qualificados para evitar esses óbitos. Uma das recomendações do MS é manter a letalidade por LV inferior a 5%. Fatores associados ao óbito devem ser identificados por meio de investigação epidemiológica incluída na rotina dos serviços de vigilância em saúde. A letalidade média de LV no Ceará está abaixo do valor recomendado pelo MS; no entanto, a verificação de municípios com letalidade acima de 5% aponta uma possível necessidade de melhoria na qualidade da atenção à saúde, principalmente relacionada à (ao): investigação ativa, diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento pós-tratamento para estabelecimento da cura.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Leishmaniose Visceral, Letalidade