DINÂMICA ESPACIAL E TEMPORAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA NO ESTADO DO CEARÁ, 2001 – 1015
FRANCISCO ROGER AGUIAR CAVALCANTE 1, KELLYN KESSIENE DE SOUSA CAVALCANTE1, JARIER DE OLIVEIRA MORENO1, CARLOS HENRIQUE MORAIS DE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará
fcoroger@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de ampla expansão territorial, presente no Ceará desde a década de 1950. Estudos que buscam compreender a distribuição e frequência da doença têm sido utilizados no planejamento das ações de vigilância e controle. Objetivou-se descrever a dinâmica espacial e temporal da LV humana no Ceará, de 2001 a 2015. Foi realizado estudo ecológico dos casos confirmados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação, por município, referente a três séries temporais (2001-2005; 2006-2010; 2011-2015). O indicador analisado foi o coeficiente de incidência, padronizado pela média populacional dos municípios. Para a análise, utilizou-se o programa de geoprocesamento Qgis 2.14.8, com categorização em quantis dos municípios segundo a incidência, expressos em mapas. Na primeira série temporal, 37 municípios não registraram casos, diminuindo nas outras duas séries para 31 e 28, respectivamente. Apenas 9 dos 184 municípios não tiveram casos durante todo o período (2001-2015). De 2001 a 2005, a LV esteve mais incidente nas regiões noroeste, leste e sul. Na segunda série, houve uma expansão abrangendo toda a faixa leste do estado, regiões metropolitanas e nordeste. Neste período,50 municípios tiveram incidência maior que 3 casos para cada 100.000 habitantes;43 entre 1,4 e 3,02 casos; 44 entre 0,5 e 1,4 casos, e 16 entre 0,1 e 0,5 casos. No período de 2011 a 2015, a incidência de LV diminuiu, ficando mais elevada nas regiões noroeste e sul. A incidência no período de 2001 a 2005 esteve mais concentrada nas regiões de pé de serra, locais com melhores condições ambientais para a manutenção do vetor. A expansão no segundo período pode ser explicada pela maior circulação de reservatórios infectados entre municípios, dispersão do vetor e sua fácil adaptação ao peridomicílio e aos impactos ambientais causados pela ocupação desordenada dos territórios urbanos. No terceiro período, estima-se que a estiagem e a retomada do programa de controle pelo Ministério da Saúde, influenciaram na diminuição da incidência, mantendo-se mais elevada nas proximidades das regiões de chapada. A dinâmica da LV no Ceará, no período de 2001 a 2010, mostrou uma expansão territorial, seguida de um recuo, mantendo-se mais incidente nas regiões noroeste e sul, possivelmente influenciada pelo período de estiagem, fato que merece atenção por parte dos serviços de vigilância e controle.



Palavras-chaves:  Distribuição espacial , Epidemiologia, Leishmaniose Visceral