HOSPITALIZAÇÃO E FATORES RELACIONADOS Á MORTALIDADE HOSPITALAR NOS PACIENTES COM INFECÇÃO PELO VÍRUS LINFOTRÓPICO HUMANO DE CÉLULAS T TIPO I NUMA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM DOENÇA INFECCIOSAS NO RIO DE JANEIRO.
ROXANA FLORES MAMANI 1, JOSÉ ALFREDO DE SOUSA MOREIRA1, CRISTIANE DA CRUZ LAMAS1, HUGO BOECHAT ANDRADE1, ANDRE MIGUEL JAPIASSU1
1. INI/FIOCRUZ - Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz
rfchaparrita@gmail.com

INTRODUÇÃO: Cerca de 5 a 10 milhões de pessoas encontram-se infectadas por HTLV-I no mundo, sendo a maioria assintomática durante a vida. As causas de internação hospitalar de pacientes com HTLV não está bem documentada, assim como o prognóstico após a internação, e o propósito de nosso estudo foi esta análise.  METODOLOGIA: Estudo retrospectivo de 2007 a 2013, de portadores de HTLV internados; readmissões foram excluídas. Variáveis sócio demográficas, laboratoriais, e microbiológicas foram extraídas de prontuários. Realizamos o seguimento até março de 2018, morte; ou o último dia de seguimento conhecido. O objetivo primário :estimar a mortalidade hospitalar e fatores associados, e secundário, a duração da hospitalização, admissão na unidade de terapia intensiva (UTI) e taxa de reinternação. SPSS (versão 23. IBM, IL) foi usado nas analises estatísticas. RESULTADOS: Durante o período de estudo, registram-se 3608 hospitalizações, e 71 (1.96%) eram portadores de HTLV. O seguimento médio foi de 3 anos. Predominou o sexo feminino (59%), a idade média de 54.55 (±14.7) anos; 93% necessitava de grande assistência motora ou era acamada. O tempo médio de diagnóstico por HTLV até a hospitalização indice foi de 4.6 (± 3.2) anos. As principais comorbidades foram a hipertensão arterial (28.2%) e diabetes mellitus (12.7%). Infecção foi o motivo de internação em 58 (81.7%); os principais focos foram urinário( n =46), respiratório ( n =17), e pele/partes moles ( n =17). Os principais agentes isolados foram Enterobacteriaceae (41%), S. aureus (14%), Enterococcus spp (13%), Mycobacterium tuberculosis (11.3%) e Candida spp (8.5%). Mortalidade intra-hospitalar e 1 ano após admissão foi de 19.7% e 35.2%, respectivamente. Os que evoluíram para óbito tinham menor IMC (17.30 ±3.60 vs . 23.95 ±6.52, p <0.0001), menor  albumina sérica (1.57±0.48 vs . 2.41 ±0.73, p <0.0001) e hemoglobina sérica (8.87±3.42 vs . 11.05 ±2.22, p =0.03), e ureia sérica mais elevada(50 vs . 33 mg/dl, p =0.005). A superinfecção por S. aureus na internação (OR: 5.7 [1.3-24])  e admissão na UTI (OR: 17.8 [4.3-72.6]) foram associadas a óbito. O tempo médio de permanência hospitalar foi de 12 [5-25] dias; a admissão na UCI ocorreu em 24%, e readmissão hospitalar em 35 pacientes (49.3%). CONCLUSÕES: Indivíduos hospitalizados com HTLV-I apresentaram alta mortalidade. Infecção urinária foi a principal causa de internação. Estratégias voltadas para a sua prevenção, como autocateterizacão domiciliar devem ser implementadas.



Palavras-chaves:  HTLV-I, Mortalidade, Brasil, Hospitalização