Perfil clinico-epidemiológico dos bebês com Síndrome Congênita do Zika na cidade de Fortaleza, Brasil, 2015 - 2016
ANA MARIA PEIXOTO CABRAL MAIA 2, RHAQUEL DE MORAIS ALVES BARBOSA OLIVEIRA2, CAMILA DE SOUSA LINS DE AZEVEDO2, FRANCISCA KALLINE DE ALMEIDA BARRETO2, ILEANA PITOMBEIRA GOMES2, ADILINA SOARES ROMEIRO RODRIGUES2, ADRIANA ROCHA SIMIÃO2, REBECA BANDEIRA BARBOSA2, LUCIANO PAMPLONA DE GÓES CAVALCANTI2
1. UFC - Programa de Pòs Graduação em Saúde Comunitária - Universidade Federal do Ceará, 2. CEVEPI - Vigilância Epidemiológica do Município de Fortaleza, Ceará , 3. MEAC - Maternidade Escola Assis Chateaubriand
ANAMARIACABRAL@YAHOO.COM.BR

No ano de 2015 ocorreu um surto de zika vírus (ZIKV) no Brasil que resultou em um aumento de nascimentos de bebês com microcefalia e alterações do sistema nervoso central. Pouco tempo depois foi comprovada a associação causal entre o ZIKV na gestação e tais alterações neurológicas dos bebês. A criança com essas manifestações desenvolve problemas motores e de neurodesenvolvimento, o que caracteriza a síndrome congênita do zika (SCZ). Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo traçar o perfil clínico dos casos confirmados de SCZ em residentes no Município de Fortaleza, no período de 2015 e 2016. Foi realizado um estudo transversal, descritivo com os casos confirmados. Os dados foram obtidos pelo sistema de informação do Registro de Emergências em Saúde Pública (RESP) e analisados utilizando o software Epiinfo 7. Foram confirmados 55 casos de SCZ, no Município de Fortaleza, no período de novembro de 2015 a maio de 2016. Desses, 28 (56%) tiveram confirmação laboratorial para ZIKV, 11 foram a óbito. As mães apresentaram exantema no primeiro trimestre de gravidez em 29 casos (52,7%), 6 (10,9%) no segundo trimestre, 16 (29%) não apresentaram exantema e 4 ignoravam ter tido alguma manifestação clínica na gestação. Em relação aos recém-nascidos, 31 (56,3%) eram do sexo masculino, 37 (67,2%) nasceram a termo (a partir de 37 semanas), 38 (69%) tinham peso adequado (acima de 2.500 gramas) e, 38 (69%) tiveram diagnostico de microcefalia após o nascimento. Segundo os aspectos clínicos da SCZ, 51 (97,7%) apresentaram microcefalia, (o perimetro cefálico variou de 24 a 33 cm). Quatro (4) bebês apresentaram alterações congênitas sem microcefalia. As alterações cerebrais mais prevalentes nas crianças foram calcificações cerebrais, ventriculomegalia, lisencefalia, polimicrogiria e malformação de Dandy Walker. Duas crianças apresentaram malformações cardíacas (coração desviado para esquerda). As alterações osteomusculares que mais predominaram foi artrogripose e pé torto congênito. Por ser uma síndrome nova, existem poucos estudos descrevendo o perfil dessas crianças, por isso, destaca-se a importância desse estudo para entender as principais manifestações clínicas apresentadas pelas crianças com SCZ. Tais dados poderão servir para futuros direcionamentos, bem como auxiliar a desenvolver uma melhor assistência para as crianças afetadas, subsidiadas pela descrição de quais características poderão ser esperadas nesses bebês.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Microcefalia, Zika vírus