Perfil clinico-epidemiológico dos bebês com Síndrome Congênita do Zika na cidade de Fortaleza, Brasil, 2015 - 2016 |
No ano de 2015 ocorreu um surto de zika vírus (ZIKV) no Brasil que resultou em um aumento de nascimentos de bebês com microcefalia e alterações do sistema nervoso central. Pouco tempo depois foi comprovada a associação causal entre o ZIKV na gestação e tais alterações neurológicas dos bebês. A criança com essas manifestações desenvolve problemas motores e de neurodesenvolvimento, o que caracteriza a síndrome congênita do zika (SCZ). Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo traçar o perfil clínico dos casos confirmados de SCZ em residentes no Município de Fortaleza, no período de 2015 e 2016. Foi realizado um estudo transversal, descritivo com os casos confirmados. Os dados foram obtidos pelo sistema de informação do Registro de Emergências em Saúde Pública (RESP) e analisados utilizando o software Epiinfo 7. Foram confirmados 55 casos de SCZ, no Município de Fortaleza, no período de novembro de 2015 a maio de 2016. Desses, 28 (56%) tiveram confirmação laboratorial para ZIKV, 11 foram a óbito. As mães apresentaram exantema no primeiro trimestre de gravidez em 29 casos (52,7%), 6 (10,9%) no segundo trimestre, 16 (29%) não apresentaram exantema e 4 ignoravam ter tido alguma manifestação clínica na gestação. Em relação aos recém-nascidos, 31 (56,3%) eram do sexo masculino, 37 (67,2%) nasceram a termo (a partir de 37 semanas), 38 (69%) tinham peso adequado (acima de 2.500 gramas) e, 38 (69%) tiveram diagnostico de microcefalia após o nascimento. Segundo os aspectos clínicos da SCZ, 51 (97,7%) apresentaram microcefalia, (o perimetro cefálico variou de 24 a 33 cm). Quatro (4) bebês apresentaram alterações congênitas sem microcefalia. As alterações cerebrais mais prevalentes nas crianças foram calcificações cerebrais, ventriculomegalia, lisencefalia, polimicrogiria e malformação de Dandy Walker. Duas crianças apresentaram malformações cardíacas (coração desviado para esquerda). As alterações osteomusculares que mais predominaram foi artrogripose e pé torto congênito. Por ser uma síndrome nova, existem poucos estudos descrevendo o perfil dessas crianças, por isso, destaca-se a importância desse estudo para entender as principais manifestações clínicas apresentadas pelas crianças com SCZ. Tais dados poderão servir para futuros direcionamentos, bem como auxiliar a desenvolver uma melhor assistência para as crianças afetadas, subsidiadas pela descrição de quais características poderão ser esperadas nesses bebês. |