VI SURTO DA DOENÇA DE CHAGAS AGUDA POR TRANSMISSÃO ORAL, REGISTRADO NO ESTADO DO AMAZONAS: REAÇÕES ADVERSAS AO USO DE BENZNIDAZOL |
No Amazonas desde 2004, foram registrados seis surtos da doença de chagas aguda, todos pelo consumo do açaí. O mais recente ocorreu entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018. A DC em sua forma aguda requer tratamento imediato com benznidazol (Rochagan®) por 60 dias, podendo provocar o surgimento de efeitos adversos, dentre os quais, as manifestações cutâneas, são as mais comuns. O objetivo desse trabalho foi descrever o surgimento de reações em pacientes diagnosticados com a DCA provenientes do surto por transmissão oral, no município de Lábrea, sul do Amazonas. Foram diagnosticados 20 pacientes dos quais 10 com parasitemia evidente e sintomatologia e 10 assintomáticos detectados no inquérito sorológico realizado após a identificação dos primeiros 10 casos. Foram acompanhados 17 pacientes e, após o tratamento, 14 (82,3%) apresentaram alguma reação adversa ao medicamento, em média 9 dias após o início do tratamento. As manifestações mais frequentes foram prurido (50%) e exantema (35,7%), descamação da pele (28,6%), além de queda de cabelo (21,4%), astenia (14,2%) e um episódio de rash cutâneo e um de edema de face. Todos eles concluíram o tratamento, embora tenha ocorrido a suspensão temporária do medicamento devido à intensidade das reações. O tratamento dos pacientes chagásicos é de grande importância, uma vez que minimiza a possibilidade de evolução para a doença crônica. No entanto as reações adversas ao único medicamento disponível, no Brasil, dificultam a adesão, e reforçam a necessidade de acompanhamento contínuo do paciente, o que na Amazônia é uma situação complicada considerando a logística para o acesso ao atendimento especializado, particularmente na cardiologia. |