VI SURTO DA DOENÇA DE CHAGAS AGUDA APÓS CONSUMO DE AÇAÍ, REGISTRADO NO ESTADO DO AMAZONAS: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E CARDIOLÓGICAS DE PACIENTES COM PARASITEMIA EVIDENTE
DÉBORA RAYSA TEIXEIRA DE SOUSA 1, JESSICA VANINA ORTIZ1, GIOVANNA NICOLINO CEZARINO1, KENNY RODRIGUES DE SOUZA1, KATIA DO N. COUCEIRO1, RÔMULO FREIRE DE MORAIS1, LUCAS SILVA FERREIRA1, NELSON FERREIRA FÉ1, JOÃO MARCOS BEMFICA B. FERREIRA1, BERNARDINO CLÁUDIO DE ALBUQUERQUE1, HENRIQUE MANUEL C. SILVEIRA1, JORGE AUGUSTO DE O. GUERRA1, MARIA DAS GRAÇAS V. BARBOSA GUERRA1
1. PPGMT - Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, 2. HC-USP - Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo;, 3. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 4. UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 5. FMTHVD - Fundação de Medicina Tropical, 6. HUFM - Hospital Universitário Francisca Mendes, 7. FVS - Fundação de Vigilância em Saúde, 8. IHMT - Instituto de Higiene e Medicina Tropical
debora-raysa@hotmail.com

Na Amazônia a principal forma de transmissão da doença de Chagas aguda (DCA) tem sido a oral, responsável pelo aumento dos casos devido principalmente ao consumo de açaí. No Amazonas, desde 2004, seis surtos já foram registrados. O mais recente ocorreu no munícipio de Lábrea (sul do estado), detectado no final de dezembro de 2017 e início de janeiro de 2018. O objetivo deste trabalho foi descrever as características clínicas e cardiológicas dos indivíduos com parasitemia e sintomas evidente para a DCA. Foram confirmados 20 casos dos quais 10 apresentaram parasitemia detectada por gota espessa, hemocultura e xenodiagnóstico e sintomatologia. Dois pacientes permaneceram na Unidade de Saúde do município de Lábrea e 8 (40%) viajaram para Manaus e foram atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMTHVD). A idade variou entre 1 e 65 anos e a média foi de 26,4 anos, 8/10 (80%) do sexo feminino. Todos manifestaram febre, astenia (60%), náusea e palpitações (50%). Na avaliação cardíaca foram realizados eletrocardiograma (ECG) em 9 pacientes, ecocardiograma (ECO) e Holter 24h em 7 pacientes dos que foram acompanhados na FMTHVD. O ECG evidenciou alteração de repolarização ventricular (n=2), bloqueio divisional anterossuperior (BDAS) (n=1), taquicardia sinusal (n=1) e baixa voltagem do QRS (n=1). O ECO foi normal em todos. No Holter de 24h, observou-se a ocorrência de taquicardia atrial não-sustentada (n=1) e extrassístoles ventriculares (n=1). Esses casos demonstraram baixa morbidade cardíaca, em que nenhum paciente apresentou sintomatologia de insuficiência cardíaca e houve poucas alterações cardíacas nos exames complementares. No entanto, é necessário o acompanhamento a longo prazo para detecção de possíveis alterações no futuro.



Palavras-chaves:  tripanossomíase americana, miocardite, Amazônia