VI SURTO DA DOENÇA DE CHAGAS AGUDA APÓS CONSUMO DE AÇAÍ, REGISTRADO NO ESTADO DO AMAZONAS: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E CARDIOLÓGICAS DE PACIENTES COM PARASITEMIA EVIDENTE |
Na Amazônia a principal forma de transmissão da doença de Chagas aguda (DCA) tem sido a oral, responsável pelo aumento dos casos devido principalmente ao consumo de açaí. No Amazonas, desde 2004, seis surtos já foram registrados. O mais recente ocorreu no munícipio de Lábrea (sul do estado), detectado no final de dezembro de 2017 e início de janeiro de 2018. O objetivo deste trabalho foi descrever as características clínicas e cardiológicas dos indivíduos com parasitemia e sintomas evidente para a DCA. Foram confirmados 20 casos dos quais 10 apresentaram parasitemia detectada por gota espessa, hemocultura e xenodiagnóstico e sintomatologia. Dois pacientes permaneceram na Unidade de Saúde do município de Lábrea e 8 (40%) viajaram para Manaus e foram atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMTHVD). A idade variou entre 1 e 65 anos e a média foi de 26,4 anos, 8/10 (80%) do sexo feminino. Todos manifestaram febre, astenia (60%), náusea e palpitações (50%). Na avaliação cardíaca foram realizados eletrocardiograma (ECG) em 9 pacientes, ecocardiograma (ECO) e Holter 24h em 7 pacientes dos que foram acompanhados na FMTHVD. O ECG evidenciou alteração de repolarização ventricular (n=2), bloqueio divisional anterossuperior (BDAS) (n=1), taquicardia sinusal (n=1) e baixa voltagem do QRS (n=1). O ECO foi normal em todos. No Holter de 24h, observou-se a ocorrência de taquicardia atrial não-sustentada (n=1) e extrassístoles ventriculares (n=1). Esses casos demonstraram baixa morbidade cardíaca, em que nenhum paciente apresentou sintomatologia de insuficiência cardíaca e houve poucas alterações cardíacas nos exames complementares. No entanto, é necessário o acompanhamento a longo prazo para detecção de possíveis alterações no futuro. |