HISTÓRICO SOBRE OS SURTOS DE DOENÇA DE CHAGAS OCORRIDO NO ESTADO DO AMAZONAS
DÉBORA RAYSA TEIXEIRA DE SOUSA 2, RUBENS CELSO A. DA SILVA JUNIOR2, LAYLAH KELRE C. MAGALHÃES2, KENNY RODRIGUES DE SOUZA2, LUCAS SILVA FERREIRA2, ADEMIR BENTES VIEIRA2, SABRINA SILVA DE BRITO2, ROSA AMÉLIA G. SANTANA2, SUSAN SMITH DORIA2, JESSICA VANINA ORTIZ2, NELSON FERREIRA FÉ2, KATIA DO N. COUCEIRO2, JOÃO MARCOS BEMFICA B. FERREIRA2, BERNARDINO CLÁUDIO DE ALBUQUERQUE2, HENRIQUE MANUEL C. SILVEIRA2, JORGE AUGUSTO DE O. GUERRA2, MARIA DAS GRAÇAS V. BARBOSA GUERRA2
2. PPGMT - Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, 3. FMTHVD - Fundação de Medicina Tropical, 4. UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 5. UNINORTE - Centro Universitário do Norte, 6. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 7. HUFM - Hospital Universitário Francisca Mendes, 8. FVS - Fundação de Vigilância em Saúde, 9. IHMT - Instituto de Higiene e Medicina Tropical
debora-raysa@hotmail.com

Na Amazônia brasileira a doença de Chagas (DCA) possui epidemiologia diferente das regiões endêmicas. Não há domiciliação vetorial e a forma de transmissão mais prevalente é a oral. No Amazonas, a partir do primeiro surto da DCA ocorrido em 2004, aumentaram o número de casos notificados, e seis surtos já ocorreram. Este trabalho tem como objetivo relatar aspectos epidemiológicos dos seis surtos ocorridos em diferentes municípios do estado do Amazonas. A Fundação de Medicina Tropical doutor Heitor Vieira Dourado (FMTHVD) juntamente com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) foram as instituições responsáveis pelas investigações e atendimento dos pacientes. Os seis surtos da DCA, que ocorreram no estado, totalizaram 103 pacientes. O primeiro, em 2004 foi em Tefé (09), o segundo, 2007, em Coari (25), o terceiro, 2010, em Santa Isabel do Rio Negro (17), o quarto, 2011 (12) e o quinto, 2015 (20) ocorreram respectivamente em Carauari e o mais recente, 2017/2018, em Lábrea (20). Em todas as situações foram acometidos mais de um membro de uma mesma família ou de convivência próxima, além de amigos ou vizinhos e tinham em comum o relato da ingestão do suco de açaí. Geograficamente as localidades onde ocorreram os surtos estão concentradas na parte central e sul do estado do Amazonas e ocorreram nos meses de dezembro a junho, período que coincide com a safra de produção do açaí. Observou-se que os surtos ocorreram após reuniões familiares em datas comemorativas, tais como, feriados (semana santa e festas de final de ano). Dentre os relatos, geralmente membros da família e amigos se reúnem e compartilham do mesmo alimento. O intervalo de tempo entre um surto e outro tem sido em média de 3,5 anos. A maioria apresentaram sintomas inespecíficos e a febre foi a mais frequente, em 90,2% dos casos. Em todos surtos, o caso índices foi identificado pelo serviço de malária, quando o paciente realizou a gota espessa. Considerando a dificuldade de acesso aos centros de saúde especializados, a capacitação de microscopistas dos municípios do Amazonas tem sido fundamental no diagnóstico de hemoparasitos, ratificando a importância de pessoal capacitado para a detecção precoce dos casos de DCA na região.



Palavras-chaves:  Transmissão oral, Trypanosoma cruzi, doença de Chagas aguda, Amazônia