POTÊNCIA E EFICÁCIA DE DERIVADOS DA AMODIAQUINA NA MALÁRIA EXPERIMENTAL |
A amodiaquina (AQ) é um fármaco antimalárico utilizado no tratamento da malária não complicada, sendo, de fato, mais eficaz, palatável e de menor custo do que a cloroquina (CQ), porém, devido aos relatos de eventos adversos em pacientes que fizeram uso do medicamento de forma profilática, a AQ não é utilizada como fármaco de primeira linha. Nosso grupo de pesquisa observou que complexos de rutênio associados à CQ exibiam atividade anti- P. falciparum no ciclo intraeritrocítico, porém, ao contrário da CQ, complexos de rutênio-CQ apresentaram atividade antiparasitária frente formas sexuadas e esporozoítos, aumentando o espectro de ação. Nesse contexto, o presente trabalho avaliou a potência in vitro e eficácia in vivo para três inéditos complexos de rutênio contendo AQ na sua composição química. A potência foi determinada frente cepa W2 do P. falciparum , utilizando a metodologia de incorporação da hipoxantina, enquanto a eficácia foi estudada em camundongos Swiss Webster infectados com a cepa NK65 do P. berghei, fazendo uso do modelo de supressão de parasitemia (teste de Peters), sendo expressas em valores de concentração inibitória para 50% do crescimento do parasito (CI 50 ) e a dose efetiva para reduzir 50% da carga parasitária (DE 50 ), respectivamente. Os testes de toxicidade aguda foram realizados em camundongos não-infectados utilizando dose equivalente aos quatro dias de tratamento do teste de Peters. Os derivados da AQ foram capazes de reduzir o crescimento do P. falciparum , com valores de CI 50 entre 0.0032 a 0.012 µM, enquanto que a AQ apresentou valor de CI 50 de 0.0074 µM, mostrando assim que os derivados possuem potência similar ou superior à AQ. Um dos derivados da AQ foi capaz de suprimir a parasitemia de maneira dependente da dose no teste de Peters, apresentando valor de DE 50 = 15 µmol/kg, similar ao observado para a AQ. Na dose de 30 µmol/kg, o derivado da AQ conferiu 40% de sobrevivência dos animais, enquanto que com a AQ, nesta mesma dose, 60% dos animais sobreviveram. Por último, observamos que o derivado da AQ possui eficácia superior ao derivado da CQ em suprimir a parasitemia em camundongos infectados com o P. berghei e que isso foi alcançado de maneira seletiva, sem induzir efeitos tóxicos aparentes aos camundongos. Portanto, foi demonstrado que os novos derivados da AQ apresentam perfil farmacológico em potencial. |