SÍFILIS CONGÊNITA E EM GESTANTES NO BRASIL: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE 2001 A 2017 |
Introdução: Apesar da existência de testes diagnósticos e tratamento eficaz, o aumento do número de casos de sífilis registrados no Brasil evidenciou a fragilidade do sistema público de saúde. A associação da doença a grupos específicos já está bem estabelecida, entretanto áreas vulneráveis necessitam ser mapeadas para o combate à infecção. Objetivo: Avaliar a distribuição espaço-temporal da sífilis congênita (SC) e em gestantes (SG) no Brasil entre os anos de 2001 a 2017. Materiais e Métodos: Casos notificados de SC e SG foram obtidas dos 5.567 municípios brasileiros e agrupados em microrregiões. A construção dos mapas de distribuição foi baseada em médias móveis utilizando média trienal de 2001 a 2017. A incidência anual foi calculada para as 558 microrregiões brasileiras. Para determinar o risco relativo para cada microrregião, mapas foram construídos usando a primeira média trienal como denominador assumindo que não houve mudanças no tempo e espaço. Resultados: Entre 2001 e 2017, foram notificados 188.630 de SC e 231.771 de SG. A taxa média de casos reportados no Brasil foi de 5,5 por 100.000 habitantes por ano para a SC, variando de 2,3 a 12,5. Quanto à SG, a taxa média foi de 10,5, variando de 0.1 a 33,6. No período de estudo foram observados dois momentos epidemiológicos distintos. No primeiro deles (2001 a 2008), a SC e SG apresentavam incidência de 29,6 e 13,1 casos por 100.000 hab, respectivamente. Estes valores aumentaram para 82,3 e 118,5 no segundo período (2009 a 2017), indicando um aumento de 278% e 905%. Das 558 microrregiões, 549 (98,4%) e 558 (100%) notificaram respectivamente pelo menos um caso de SC e SG durante o período de estudo A análise da distribuição espacial da SG demonstrou alta incidência nas microrregiões de Japura-AM (20.208/100.000), Santo Antônio de Pádua-RJ (14.717/100.000) e Itaguara-MG (6.544/100.000). Já para a SC foram observadas taxas de 365 na microrregião de Cotinguiba-SE, 344 para Recife-PE e 330 para Aracaju-SE e Araguaina-TO. Discussão: A SC pode ser prevenida pela testagem pré-natal seguida pelo tratamento das mulheres infectadas, seus parceiros e do recém-nascido. O aumento do número de casos de SC e em mulheres grávidas no Brasil indicam que essa estratégia tem sido aplicada de maneira falha ou insuficiente. A distribuição espaço-temporal dessa doença nos permite diagnosticar regiões onde é premente a necessidade de estudos específicos para definição de um plano efetivo de combate a SC. |