SÍFILIS CONGÊNITA E EM GESTANTES NO BRASIL: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE 2001 A 2017
ÂNGELO ANTÔNIO OLIVEIRA SILVA1, NATÁLIA ERDENS MARON DE FREITAS1, LEONARDO MAIA LEONY1, RAMONA TAVARES DALTRO1, RODRIGO PIMENTA DEL REI1, EMILY FERREIRA DOS SANTOS1, CARLOS GUSTAVO REGIS DA SILVA1, FRED LUCIANO NEVES SANTOS 1
1. IGM (FIOCRUZ-BA) - Instituto Gonçalo Moniz
rdelrei@gmail.com

Introdução: Apesar da existência de testes diagnósticos e tratamento eficaz, o aumento do número de casos de sífilis registrados no Brasil evidenciou a fragilidade do sistema público de saúde. A associação da doença a grupos específicos já está bem estabelecida, entretanto áreas vulneráveis necessitam ser mapeadas para o combate à infecção. Objetivo: Avaliar a distribuição espaço-temporal da sífilis congênita (SC) e em gestantes (SG) no Brasil entre os anos de 2001 a 2017. Materiais e Métodos: Casos notificados de SC e SG foram obtidas dos 5.567 municípios brasileiros e agrupados em microrregiões. A construção dos mapas de distribuição foi baseada em médias móveis utilizando média trienal de 2001 a 2017. A incidência anual foi calculada para as 558 microrregiões brasileiras. Para determinar o risco relativo para cada microrregião, mapas foram construídos usando a primeira média trienal como denominador assumindo que não houve mudanças no tempo e espaço. Resultados: Entre 2001 e 2017, foram notificados 188.630 de SC e 231.771 de SG. A taxa média de casos reportados no Brasil foi de 5,5 por 100.000 habitantes por ano para a SC, variando de 2,3 a 12,5. Quanto à SG, a taxa média foi de 10,5, variando de 0.1 a 33,6. No período de estudo foram observados dois momentos epidemiológicos distintos. No primeiro deles (2001 a 2008), a SC e SG apresentavam incidência de 29,6 e 13,1 casos por 100.000 hab, respectivamente. Estes valores aumentaram para 82,3 e 118,5 no segundo período (2009 a 2017), indicando um aumento de 278% e 905%. Das 558 microrregiões, 549 (98,4%) e 558 (100%) notificaram respectivamente pelo menos um caso de SC e SG durante o período de estudo A análise da distribuição espacial da SG demonstrou alta incidência nas microrregiões de Japura-AM (20.208/100.000), Santo Antônio de Pádua-RJ (14.717/100.000) e Itaguara-MG (6.544/100.000). Já para a SC foram observadas taxas de 365 na microrregião de Cotinguiba-SE, 344 para Recife-PE e 330 para Aracaju-SE e Araguaina-TO. Discussão: A SC pode ser prevenida pela testagem pré-natal seguida pelo tratamento das mulheres infectadas, seus parceiros e do recém-nascido. O aumento do número de casos de SC e em mulheres grávidas no Brasil indicam que essa estratégia tem sido aplicada de maneira falha ou insuficiente. A distribuição espaço-temporal dessa doença nos permite diagnosticar regiões onde é premente a necessidade de estudos específicos para definição de um plano efetivo de combate a SC.



Palavras-chaves:  Sífilis, Incidência, Sistema de Informação Geográfica, Epidemiologia