AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE CRUZADA DE TESTES SOROLÓGICOS PARA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA EM INDIVÍDUOS INFECTADOS COM LEISHMANIOSE CUTÂNEA E VISCERAL
RAMONA TAVARES DALTRO1, LEONARDO MAIA LEONY1, NATÁLIA ERDENS MARON FREITAS1, ÂNGELO ANTÔNIO OLIVEIRA SILVA1, RODRIGO PIMENTA DEL REI1, MARIA EDILEUZA FELINTO BRITO1, SINVAL PINTO BRANDÃO-FILHO1, YARA MIRANDA GOMES1, MARCELO DE SOUSA DA SILVA1, SELMA MARIA BEZERRA JERONIMO1, GLORIA REGINA DE GÓIS MONTEIRO1, NILSON IVO TONIN ZANCHIN1, PAOLA ALEJANDRA FIORANI CELEDON1, FRED LUCIANO NEVES SANTOS 1
1. IGM (FIOCRUZ-BA) - Instituto Gonçalo Moniz, 2. IAM (FIOCRUZ-PE) - Instituto Aggeu Magalhães , 3. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 4. ICC (FIOCRUZ-PR) - Instituto Carlos Chagas, 5. IBMP - Instituto de Biologia Molecular do Paraná
fred.santos@bahia.fiocruz.br

Introdução: A doença de Chagas crônica (DCC) é uma zoonose que tem como agente etiológico o Trypanosoma cruzi . Estima-se que 5-8 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo. O diagnóstico da doença é usualmente realizado pelo ELISA; no entanto, reações cruzadas com o gênero Leishmania spp são frequentemente descritas na literatura. Diante do exposto, surge a necessidade de realizar avaliações sistemáticas dos testes sorológicos comerciais e verificar a necessidade da busca de antígenos que apresentem elevada acurácia, mesmo quando os testes forem empregados para o diagnóstico da DCC em áreas de co-endemicidade com leishmaniose. Objetivo: Avaliar o índice de reatividade cruzada de amostras positivas para leishmaniose tegumentar (LT) e visceral (LV) utilizando kits sorológicos comerciais para o diagnóstico da DCC. Materiais e Métodos: Foram avaliados os kits Gold ELISA Chagas (REM Indústria e Comércio LTDA, Brasil; combinação de antígenos recombinantes e lisado purificado) e o Elisa Chagas III (Grupo Bios S.A., Chile; extrato total), utilizando 400 amostras séricas positivas para LT procedentes de Pernambuco-PE e 229 amostras positivas para LV oriundas do Rio Grande do Norte-RN. As reações foram realizadas conforme instruções dos fabricantes. Os resultados foram expressos através da razão entre a densidade óptica das amostras e a DO do ponto de corte (DO/CO). Amostras com valores superiores a 1,00 foram consideradas positivas. Resultados: O índice de reatividade para leishmaniose tegumentar foi de 66,3% para o Elisa Chagas III e 7,8% para o Gold ELISA Chagas, com razão DO/CO de 1,01 (IC95% 0,94-1,07) e 0,22 (IC95% 0,20-0,25), respectivamente. Para as amostras positivas para leishmaniose visceral, 33,6% e 27,9% apresentaram reatividade cruzada utilizando os kits Elisa Chagas III e Gold ELISA Chagas, com DO/CO de 0,55 (IC95% 0,49-0,61) e 0,48 (IC95% 0,39-0,57), respectivamente. Discussão: Apesar dos baixos valores de DO/CO encontrados, os resultados demonstram elevado índice de reatividade cruzada com os testes comerciais avaliados, especial atenção para o kit Elisa Chagas III quando amostras de leishmaniose tegumentar foram testadas. Conclui-se que os kits avaliados devem ser usados com cautela em áreas de co-endemicidade entre DCC e leishmaniose, evidenciando a necessidade de marcadores diagnósticos que sejam reconhecidos apenas por anticorpos anti- T. cruzi reduzindo, desta maneira, o quantitativo de reações indesejadas.

 



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Reatividade cruzada, Testes sorológicos, Leishmaniose