EXPOSIÇÃO RACIAL AO HIV/AIDS: UM ESTUDO RETROSPECTIVO NA PARAÍBA
ÉDIJA ANÁLIA RODRIGUES DE LIMA1, IVONEIDE LUCENA PEREIRA1, RENATA OLÍVIA GADELHA ROMERO1, LEIDYANNY BARBOSA DE MEDEIROS1, SANDRA APARECIDA DE ALMEIDA1, JORDANA DE ALMEIDA NOGUEIRA1
1. UFPB - Universidade Federal da Paraíba
edijaprof@hotmail.com

Na contemporaneidade brasileira, seja de forma velada ou explícita, a concepção da supremacia racial branca tem forjado cenários de desigualdade no acesso à informação, a bens materiais e também na construção de uma identidade vinculada do papel social herdado do Darwinismo Social. Do mito da supremacia racial surgiram diversificadas formas de exploração do homem negro e da mulher negra, que passaram a ser utilizados como meio de capitalização econômica e também de satisfação sexual, colocando-os em situação de vulnerabilidade social. Tal realidade é proeminente na busca de compreender como se dão as práticas sexuais desprovidas de mecanismos de segurança contra a infecção pelo vírus HIV neste grupo. Este estudo objetiva conhecer a proporção de casos de HIV/Aids segundo a categoria raça na Paraíba. Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal, descritivo e com abordagem quantitativa, baseado nas informações dos registros de casos de infecção pelo HIV/Aids do SINAN/PB de 2007 a 2017. Observa-se que nos últimos onze anos a epidemia do HIV/Aids propagou-se na população negra, composta por pardos e pretos, devido a negação da cor preta por parte dos primeiros, no momento da coleta de dados. O banco de dados apresentou 6.134 casos notificados de HIV/Aids no Estado da Paraíba. Destes, 75,3% eram da cor negra, 20,8% branca, 0,2% amarela e 0,3% indígena. Nesse sentido, observou-se que o critério racial se torna um recorte populacional significativo para transmissão do HIV/Aids. E, ainda se constituiu como um marco importante da epidemia, com expressão relevante em todas as regiões do Estado, fortalecendo a tese sob o pressuposto da raça, da seleção e da proteção do segmento branco em comparação aos demais segmentos da população, a partir da existência de desigualdades ligadas ao modo de operação de mecanismos sociais tais como a educação formal e informal, e suas práticas pedagógicas, a seletividade do mercado de trabalho, a pobreza e a organização familiar. Os resultados do estudo constituem sinal de alerta à população negra, já que os números apontam aumento da prevalência do HIV/Aids entre eles, havendo ainda o estigma de considerá-los como grupos de risco, acrescendo-lhes responsabilidade pela propagação da doença. Logo, os resultados nos convidam a propor estratégias que despertem a consciência da população negra para práticas cotidianas de prevenção do HIV/Aids.



Palavras-chaves:  HIV, Raça, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida