INVESTIGAÇÃO DE DIFERENTES CLASSES DE ENZIMAS DO TRYPANOSOMA CRUZI COMO PROMISSORES ALVOS CONTRA A DOENÇA DE CHAGAS
ALINE ARAUJO ZUMA 1, AMANDA CRISTINA SOUZA LEITE1, LUCAS SOUZA CASTRO1, RAMON BORGES DA SILVA1, SIMON JOHN GARDEN1, PARASURAMAN JAISANKAR1, CARLOS ALBERTO MANSSOUR FRAGA1, FRANZ BRACHER1, WANDERLEY DE SOUZA1
1. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2. CSIR - Indian Institute of Chemical Biology , 3. CDR - Center for Drug Research
alinezuma@gmail.com

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi , é endêmica da América Latina, mas afeta cerca de 8 milhões de pessoas em todo o mundo. As drogas utilizadas para o tratamento não são eficazes em todas as fases da doença e causam efeitos colaterais, o que desestimula o paciente a dar continuidade ao mesmo. Desta forma, o desenvolvimento de novas drogas se faz necessário. Uma vez que o T. cruzi possui enzimas que diferem, em parte, das equivalentes em humanos, estas podem ser exploradas como alvos quimioterápicos. Sendo assim, neste trabalho, nós avaliamos os efeitos de diversos novos compostos que têm como alvo histonas desacetilases (HDACs), histonas acetiltransferases (HATs), topoisomerases e cisteínas proteases na proliferação, ultraestrutura e viabilidade celular do T. cruzi e de culturas de LLC-MK 2 . Para isto, a cada 24 horas amostras foram coletadas para contagem celular, análises por microscopia eletrônica (de transmissão e varredura) e ensaios de viabilidade através do método do MTS/PMS. Nossos resultados mostram que os inibidores de cisteínas proteases foram os mais eficientes contra a proliferação de epimastigotas de T. cruzi (IC 50 entre 0,5 e 8 µM), seguidos dos inibidores de topoisomerases (IC 50 entre 4 e 20 µM), de HDACs (IC 50 entre 7 e 50 µM) e de HATs (IC 50 de 40 µM). Buscando identificar possíveis organelas alvo destes compostos, os parasitas tratados foram submetidos a análises de microscopia eletrônica de transmissão. Diferentes alterações foram observadas, como desorganização do flagelo, inchaço mitocondrial, topologia atípica do kDNA, extração citosólica e blebbling de membrana. Além disto, foram reportados por microscopia de varredura o arredondamento, o achatamento e a torção do corpo celular do protozoário. Em relação à viabilidade celular, os inibidores de cisteínas proteases promoveram a maior redução do percentual de parasitas viáveis ao passo que foram os menos tóxicos para as células hospedeiras (CC 50 maior que 10 µM). Portanto, com base nestes resultados, conclui-se que estas enzimas são alvos válidos e que estes compostos podem ser explorados como drogas promissoras em estudos quimioterápicos contra o T. cruzi .  



Palavras-chaves:  Proliferação, Trypanosoma cruzi, Ultraestrutura