ABANDONO DE TARV x INFECÇÕES OPORTUNISTAS: CONCOMITÂNCIA DE TUBERCULOSE MILIAR E LEISHMANIOSE MUCOCUTÂNEA EM CENÁRIO DE RESISTÊNCIA VIRAL
NILMA MARIA PÔRTO DE FARIAS CORDEIRO DE MEDEIROS 1, MELISSA TOSCANO MONTENEGRO DE MORAIS 1, FABIANNE VELÔSO SILVA1, LÍVIA VASCONCELOS DE ARAÚJO1, WALTER AMORIM DE ARAÚJO JUNIOR1, RAIARA CARVALHO VIEIRA 1, CLÁUDIO SÉRGIO CABRAL PAIVA 1
1. DIP, HULW/EBSERH, UFPB - Unidade de Doenças infecto-Parasitárias, Hospital Universitário Lauro Wanderley/EBSERH, Universidade Federal da Paraíba
nilmampf@gmail.com

INTRODUÇÃO: A leishmaniose é uma antropozoonose de alta incidência na América do Sul. Estudos apontam que o Brasil está entre os dez países com alta incidência da doença. Em 2015 foram diagnosticados cerca de 20.000 novos casos no Brasil, a maioria nas regiões Norte e Nordeste. A forma mucocutânea ocorre em áreas expostas, frequentemente comprometendo aleta nasal. Por outro lado, a tuberculose (TB) superou recentemente o HIV como principal agente infeccioso no mundo, mas as duas doenças continuam a apresentar um sinergismo que pode ser fatal. RELATO DO CASO: Homem, 32 anos, casado, garçom, natural de Itabaiana/PB e procedente de Cabedelo/PB. Tabagista e alcoolista. Diagnóstico sorológico de infecção pelo HIV em 10/08/2010 (CD 4 544cél/mm 3 e CV 216.052cópias/ml). Antecedente de leishmaniose mucocutânea em 2014, com destruição de aletas nasais. Acompanhamento ambulatorial irregular, com início de 3TC+TDF+EFZ (2014) e abandono após dois meses. Admitido em 07/11/16 com queixas de febre há mais de três meses, associado à lesão ulcerada em palato duro e adenomegalias cervicais bilateral. Duas baciloscopias negativas. PPD não reator. Radiografia de tórax: opacidades intersticiais dispersas pelo parênquima de ambos os pulmões, aspecto micronodular, sugestivo de TB miliar. Biópsia de linfonodo cervical (24/11/16): linfadenite crônica granulomatosa, sugestivo de TB. Iniciados RIZE em 08/11/16, o qual foi suspenso em 17/11/16 por elevação de transaminases e bilirrubinas. Reintroduzido esquema alternativo com Estreptomicina, Etambutol e Ofloxacina em 22/11/16. Realizada biópsia de lesão em palato, revelando estomatite crônica e ausência de malignidade; todavia, sem resposta ao esquema para TB. Reativação de Leishmaniose? Iniciado tratamento com Anfotericina B, com posterior cicatrização da lesão. À internação: CD 4 64cél/mm 3 e CV 273.219cópias/ml, com reintrodução da TARV inicial. Em 18/01/2017 realizou-se nova CV - 462.365cópias/ml, indicando falha viral ao esquema antirretroviral de uso. Realizada genotipagem: múltiplas mutações de resistência. Ajustado TARV para 3TC+TDF+ATZ/r. Em 15/02/17 recebeu alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial. CONCLUSÃO: O abandono da TARV piora o cenário clínico, favorecendo as infecções oportunistas em virtude da elevação da carga viral do HIV e, consequente, depleção de linfócitos T CD 4 . Bem como, a concomitância dessas infecções piora o prognóstico e a recuperação imune.



Palavras-chaves:  Aids, Infecção oportunista, Resistência