Sequelas de Poliomielite: Morbimortalidade Hospitalar no Estado da Bahia nos Últimos Dez Anos |
A poliomielite é uma síndrome clínica cujos agentes etiológicos são enterovírus. A invasão do sistema nervoso central ocorre em um a cada mil indivíduos infectados. Nessa etapa, há proliferação intraneural, alterando principalmente os neurônios motores do corno anterior da medula. O quadro clínico cursa com febre e deficiência motora de intensidade variável, assimétrica, flácida, sem alteração da sensibilidade. Objetivou-se descrever as internações hospitalares por sequelas de poliomielite no estado da Bahia, através da lista de morbidade do CID-10 (B91), no período de 2008 a 2017, quanto aos custos de hospitalização, características sociodemográficas e mortalidade. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS) do Ministério da Saúde, tabulados em gráficos e tabelas no programa Microsoft Excel 2016. Foram registradas 172 internações por sequelas de poliomielite no estado da Bahia nos últimos 10 anos. O ano de 2009 concentrou o maior número de internações (23,83%), seguido de 2010 (17,44%), que apresentou também a maior mortalidade (33,33 óbitos/100 internações). A taxa de mortalidade para o período foi de 15,12 óbitos/100 internações, sendo que 96,15% dos óbitos e 54,65% das internações tiveram caráter de urgência. O valor médio de internamento foi de R$ 6.162,12 e o valor total para o período foi de R$ 1.059 mil. O tempo médio de permanência hospitalar foi de 86,7 dias. O sexo masculino correspondeu a 59,88% dos casos, 66,27% dos registros foram ignorados quanto à raça/cor e a faixa etária predominante foi de 35-39 anos (79,65%). O tempo prologando de permanência hospitalar e o custo elevado de internamento podem ser justificados pelas medidas terapêuticas voltadas para as complicações da doença, podendo levar à perda da independência e ao uso de equipamentos para minimizar as deficiências dos pacientes. Quanto à faixa etária, a literatura nacional admite incidência maior em crianças, porém, existe um período de recuperação seguido de um intervalo de estabilidade neurológica, de 15 anos ou mais, o que pode justificar a predominância de manifestações das sequelas na população adulta. Ressalta-se a importância do estabelecimento de atividades preventivas em atenção primária, como a vacinação e investimento em pesquisa relacionadas ao tratamento e reabilitação do paciente acometido pela doença. |