Correlação entre Dengue e Altitude no Estado do Rio de Janeiro: compreendendo o Risco através de Mapas Temáticos
CARLOS JOSÉ SALDANHA MACHADO1,2, JULIO CESAR BARRETO DA SILVA 1,2
1. ICICT / FIOCRUZ - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde / Fundação Oswaldo Cruz , 2. PPG-MA / UERJ - Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente / Universidade do Estado do Rio de Janeiro
barretojcs@gmail.com

As técnicas de geoprocessamento aumentam o poder de compreensão de certo fenômeno, mas somente a cartografia de síntese, a partir da aplicação do conhecimento científico sobre aquele fenômeno, pode elucidar o problema proposto e garantir um salto qualitativo na análise. Muitos autores, então, fazem uso de mapas temáticos para compreender as distribuições de dengue em certa região, uma vez que tais mapas contêm informações selecionadas sobre determinados temas do espaço geográfico, sejam eles aspectos naturais ou sociais. O objetivo desse estudo é analisar a correlação entre as incidências de dengue e a altitude, junto aos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, entre 2001 e 2012, através do uso de mapas temáticos. Espera-se que o mapeamento aponte os aspectos que modulam a distribuição de dengue, e que tais aspectos se tornem visíveis através da análise aqui apresentada. Trata-se de um estudo exploratório que utiliza ferramentas de análise espacial na elaboração de mapa temático do risco de dengue, sendo para isto empregada a metodologia de maptools , via R- Project . Os aspectos observados foram validados via Correlação de Pearson e respectivo p-valor, sendo ainda usado na análise o gráfico de dispersão. Este mostrou uma concentração daquelas incidências próximo ao nível médio do mar, com decorrente decréscimo em função do aumento da altitude. Foi encontrado um coeficiente de correlação de -0,3876 com p-valor de 0,0001, ou seja, as incidências de dengue são limitadas pela altitude a uma taxa inversamente proporcional de 38,77%, e o teste apresentou significância estatística. Já o mapa temático evidenciou ocorrência de baixa incidência de dengue, em geral, junto a grandes altitudes. A análise qualitativa mostrou alta incidência de dengue sobre 45 municípios, distribuída entre: 15 dos 20 litorâneos, incluindo todos os da Costa Verde; os banhados pela Baía de Guanabara (exceto Guapimirim, a uma altitude média de 48 metros, bem acima dos demais banhados pela baía); 9 dos 12 da Região dos Lagos e 13 das 24 cidades fluminenses banhadas pelo Rio Paraíba do Sul (considerando-se os 3 municípios componentes do Curso Inferior - trecho do rio com menor declividade e menor fluxo de água - propício para proliferação de mosquitos). Conclui-se pela importância da componente altitude na distribuição do risco de dengue nos municípios do RJ e da disponibilidade de água como fator determinante na reprodução do Aedes aegypti.



Palavras-chaves:  Aedes, Controle de Vetores, Estatísticas não Paramétricas, Mapeamento Geográfico