ASPECTOS ECOLÓGICOS DA FAUNA FLEBOTOMÍNICA EM ÁREA DE TRANSMISSÃO DE LEISHMANIOSES NO MUNICÍPIO DE ITAÚNA, MG. |
As leishmanioses encontram-se em franca expansão geográfica, devido principalmente a fatores que contribuem para o processo de urbanização, como invasão de focos zoonóticos, adaptação de hospedeiros e vetores, susceptibilidade do homem à infecção, associados às mudanças ambientais. Análises epidemiológicas realizadas nas últimas décadas demonstraram modificações no perfil de transmissão da doença, antes considerada uma zoonose de animais silvestres e atualmente presente em zonas rurais desmatadas, regiões periurbanas e urbanas. N a última década, foram registrados 14 casos de leishmaniose visceral (LV) no município de Itaúna, o que o classifica como área recente de transmissão de LV. A proximidade de Itaúna com municípios endêmicos associada às condições favoráveis do ambiente, representam importantes fatores tanto para a manutenção quanto para a expansão da doença. Esse estudo tem como objetivos avaliar os aspectos entomológicos relacionados a epidemiologia das leishmanioses, detectar e caracterizar a espécie de Leishmania circulante nos vetores, estabelecer o número mensal das espécies de flebotomíneos correlacionando com as variáveis bioclimáticas e calcular o índice de sinantropia dos flebotomíneos capturados em distintas áreas ecológicas. Para o estudo entomológico foram realizadas capturas mensais utilizando armadilhas do tipo HP, durante o período de junho/2017 a maio/2018. Estas capturas foram realizadas em três áreas ecológicas distintas (urbana - Bairro Chácara do Quitão, rural - Piaguassu e de mata- Centro de Controle de Zoonoses), a fim de calcular o grau de adaptabilidade do vetor e verificar as áreas de transmissão da doença. Durante o período de estudo foram capturados 1.305 exemplares de flebotomíneos, distribuídos em 12 espécies. Destaca-se o encontro de Lutzomyia longipalpis (87,1%) e Nyssomyia whitmani (1,5%), principais vetores de leishmaniose visceral e leishmaniose tegumentar, respectivamente. Dos 1.305 espécimens capturados, 1.165 exemplares (89,2%) foram encontrados na área urbana, 112 (8,6%) na área rural e 28 (2,2%) na área de mata. Os resultados parciais demonstram que, das três áreas estudadas, a área urbana foi a que apresentou uma maior abundância de exemplares capturados e a área de mata a menor proporção desses insetos. Podemos observar no município uma adaptação desses vetores ao ambiente urbano, reforçando a importância epidemiológica da transmissão das leishmanioses em ambientes urbanizados. |