MENINGITE POR BORRELIA BURGDORFERI: RELATO DE CASO
GABRIELA DINIZ1, AMANDA BITTENCOURT1, ANNA CARLA CASTIÑEIRAS1, DENISE PELUSO1, RONALDO DA CRUZ1
1. IIER - Instituto de Infectologia Emílio Ribas
gbfdiniz@gmail.com

A doença de Lyme (LD) é um agravo de transmissão por carrapato, causada por 3 espécies de Borrelia, sendo a B. burgdorferi a mais comum. Possui amplo espectro clínico e tem como terceiro local mais envolvido o sistema nervoso central. Cursa com cefaleia, fadiga, lentificação cognitiva e alterações de memória. O diagnóstico é feito a partir da exposição epidemiológica, ponto mais importante, associada ao quadro clínico, exames laboratoriais séricos e líquido cefalorraquidiano (LCR), que demonstra pleocitose de padrão linfomonocitário, aumento da proteinorraquia e glicose normal ou levemente consumida, além de sorologia. O tratamento é feito com ceftriaxona por 10 a 28 dias. LD não ocorre no Brasil e, por esta razão, expor casos notificados é necessário para o melhor conhecimento. Foi realizada revisão de prontuário, com objetivo de relatar caso não usual de LD. Paciente de 23 anos, feminino, natural e procedente de São Paulo/SP. Em 07/05/18 notou aumento doloroso da região inguinal bilateral, sem associação com outros sintomas. Procurou pronto socorro (PS), sendo feito diagnóstico de infecção urinária e medicada com fosfomicina. Evoluiu com piora, procurando novamente o PS após 3 dias, onde realizou ultrassonografia da região inguinal, mostrando linfonodomegalia. Foi iniciado ciprofloxacino. Dois dias após, iniciou febre de até 38 graus. Em 13/05/18 evoluiu com dor em região cervical posterior, cefaleia, mialgia intensa, confusão mental. Foi internada com a hipótese diagnóstica de meningite, sendo tratada com ceftriaxona e dexametasona. LCR com 495 células, 85% de linfócitos, 15% de neutrófilos, proteínas 156 e glicose 61 (glicemia 112), cultura para aeróbios negativa. Apresentou boa evolução, afebril, sem cefaleia ou mialgia, e recuperação do estado mental. Foi tratada por 10 dias em nível hospitalar e recebeu alta para seguimento em hospital dia no Instituto de Infectologia Emílio Ribas em 25/05/18. Refere ter morado na Nova Escócia/Canadá, de 28/03 a 27/07/2017, região endêmica para LD; apresentou picada de carrapato cerca de 1 ano antes do início do quadro clínico. Pensando-se no diagnóstico de LD, foi colhida sorologia pelo método ELISA, evidenciando-se positiva. Paciente terminou tratamento de 4 semanas, completamente assintomática. Diante do quadro exposto de meningite linfomonocitária associados a sinais ou sintomas incomuns na meningite viral, é importante averiguar fatores epidemiológicos que possam indicar outras causas infecciosas como LD.



Palavras-chaves:  borreliose, doença de lyme, medicina dos viajantes, meningite, relato de caso