ABORDAGEM GOVERNAMENTAL E PERCEPÇÃO POPULAR SOBRE A AIDS NO BRASIL DE SUA ORIGEM AOS DIAS ATUAIS
BRUNA LISBOA DO VALE1, JOÃO GABRIEL CALDAS FERNANDES MONTEIRO DE LIMA 1, VICTOR HUGO SOARES PEREIRA1, NILMA MARIA PÔRTO DE FARIAS CORDEIRO DE MEDEIROS1
1. UFPB - Universidade Federal da Paraíba
caldasjoaogabriel@gmail.com

O Brasil teve seu primeiro caso de aids em 1982. Desde então, a visão popular sobre a doença passou por diversas mudanças. Tal olhar influencia as políticas públicas de controle e é influenciado por elas. Objetiva-se descrever a percepção da sociedade e a postura governamental brasileiras a respeito da aids ao longo do tempo. Para isso, foram coletadas informações sobre as políticas governamentais e a percepção popular acerca da aids no Brasil de 1982 aos dias atuais (2018). Para isso, foram listadas e analisadas as campanhas governamentais realizadas e as principais informações divulgadas pela mídia de massa e pelos meios de comunicação governamentais a respeito da aids . Realizou-se uma periodização com base na predominância do modo de pensar vigente. Tais dados foram organizados em uma linha do tempo para melhor compreensão do processo histórico ocorrido. Observou-se que, de 1982 a 1985, o governo adotava uma postura de negação e omissão, e o sentimento social era de pânico e medo, havendo estigmatização e discriminação dos portadores. De 1986 a 1989, ocorreu maior participação governamental, através de ações pragmáticas e técnicas, com distanciamento do movimento da sociedade civil; com a centralização federal das ações, cresceram as tensões entre as esferas de governo; ademais, havia medo generalizado decorrente da aids transfusional. De 1990 a 1993, predominavam o medo e o preconceito; com o Impeachment do presidente da república, fortaleceu-se o compromisso com ideais democráticos e a parceria entre governo e sociedade civil. De 1994 a 1998, as ações de controle da epidemia foram impulsionadas, e deu-se foco ao diagnóstico precoce. De 1998 a 2002, os fenômenos de heterossexualização, interiorização, feminização e pauperização entraram na pauta das discussões. De 2003 a 2018, a resposta à aids tornou-se intersetorial, com ações voltadas para populações-chave e promoção dos direitos humanos e da prevenção. Conclui-se, portanto, que ocorreram grandes mudanças na postura governamental e no pensamento coletivo ao longo da história da epidemia. Com este estudo, espera-se facilitar a compreensão sobre a temática HIV/aids e suas políticas de prevenção e controle no Brasil.

 



Palavras-chaves:  Política Pública, Estigma Social, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida