REGIONALIZAÇÃO DE ÁREA URBANA BRASILEIRA SEGUNDO ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS: APLICAÇÃO EM INQUÉRITO SOROEPIDEMIOLÓGICO PARA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
AMANDA GABRIELA DE CARVALHO 1, JOÃO GABRIEL GUIMARÃES LUZ1, LUANE DANTAS RODRIGUES1, JOÃO VICTOR LEITE DIAS1, COR JESUS FERNANDES FONTES1
1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, 2. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, 3. UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
amandagcarvalho@hotmail.com

Os cães são os principais reservatórios domésticos da leishmaniose visceral (LV) no Brasil. Assim, a determinação da soroprevalência da leishmaniose visceral canina (LVC) possui relevância como ferramenta de controle. Embora a ocorrência da LVC associe-se a características socioeconômicas e ambientais, poucos inquéritos sorológicos ponderam tais aspectos no planejamento amostral. O presente estudo propôs a regionalização da área urbana de um município endêmico brasileiro (Rondonópolis - Mato Grosso), segundo aspectos socioeconômicos e ambientais, e realização de um inquérito soroepidemiológico para LVC. Inicialmente, o algoritmo SKATER ( Spatial ‘K’luster Analysis by Tree Edge Removal ) foi utilizado para a obtenção de 25 conglomerados espaciais compostos internamente por setores censitários urbanos contíguos com semelhanças socioeconômicas e ambientais. Para tanto, os critérios de agregação empregados foram variáveis do Censo Demográfico (2010) para cada um dos 449 setores, tais como: renda, número médio de moradores, alfabetização, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água, lixo acumulado, pavimentação e arborização. Posteriormente, foi calculada uma amostra representativa de cães (n=416) e o domicílio foi definido como a unidade amostral. Na sequência, os domicílios foram amostrados por aleatorização espacial seguindo a proporção de cão e ser humano (1:7) presente em cada conglomerado. Por fim, entre outubro/2016 e fevereiro/2017, os pontos amostrais foram visitados para coleta sanguínea. O diagnóstico de LVC foi definido por positividade em teste imunocromatográfico rápido e imunoensaio enzimático. A prevalência global de LVC foi de 19,2% [IC 95% =(16,1-22,3%)]. O percentual de cães positivos oscilou amplamente entre os conglomerados (0,0-35,1%). As áreas com menor prevalência de infecção canina caracterizavam-se principalmente por maior rendimento nominal mensal, alta porcentagem de pessoas alfabetizadas e baixa porcentagem de domicílios particulares permanentes (DPP) com esgoto a céu aberto. Por outro lado, as áreas com maior ocorrência de LVC foram marcadas por alto número médio de moradores por DPP, baixa iluminação pública e baixa pavimentação. Por meio da regionalização proposta, foi possível incluir cães oriundos de diversificados contextos socioeconômicos e ambientais da área de estudo, o que se torna relevante porque as cidades brasileiras possuem diferenças intraurbanas notáveis que influenciam a ocorrência da LVC.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Inquérito soroepidemiológico, Leishmaniose visceral canina, Soroprevalência, Regionalização