PANORAMA ESPACIAL E TEMPORAL DE OCORRÊNCIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA NO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL (2001-2015)
JOÃO GABRIEL GUIMARÃES LUZ 1, JOÃO VICTOR LEITE DIAS1, AMANDA GABRIELA DE CARVALHO1
1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, 2. UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
JOAOGABRIELGL@HOTMAIL.COM

Apesar do primeiro caso autóctone de leishmaniose visceral (LV) humana ter sido registrado no estado brasileiro de Mato Grosso em 1973, a transmissão urbana só se tornou frequente a partir de 1998 nessa área. Desde então, diversos estudos envolvendo casos humanos, fauna flebotomínica e reservatórios já foram conduzidos em municípios mato-grossenses. No entanto, o caráter expansivo e as constantes mudanças de padrão epidemiológico usualmente visualizadas na LV apontam para a necessidade de uma avaliação atualizada da ocorrência da doença nessa região. Desse modo, o presente estudo objetivou demonstrar o panorama espacial e temporal da LV humana no estado de Mato Grosso entre os anos de 2001 e 2015. Trata-se de um estudo retrospectivo e ecológico que incluiu todos os casos autóctones notificados nos municípios do estado no período de estudo. Foram elaborados mapas temáticos demonstrando a evolução da incidência trienal da doença ajustada pelo Estimador Bayesiano Empírico local por município. Além disso, foi empregada a estatística espacial scan para identificar aglomerados espaciais e espaço-temporais de casos de LV na região. No período avaliado, foram notificados 435 casos de LV humana no estado, sendo que em 2008 (N = 57) e 2009 (N = 58) houve picos de ocorrência seguido de declínio até 2015 (N = 21). A análise acumulada do número absoluto de casos demonstrou que 40,4% (N = 57) dos municípios notificaram casos autóctones de LV no período. No entanto, a extensa maioria (N = 49) registrou no máximo cinco ocorrências, em uma média inferior a 0,5 casos/ano. Nesse sentido, o município de Rondonópolis ganha destaque por concentrar 45,3% (N = 197) do total dos registros de LV do estado, seguido de Poxoréo [9,7%; (N = 42)] e Cuiabá [6,2%; (N = 27)]. Entre 2001 e 2003, a doença esteve dispersa em grande parte do território estadual. No entanto, nos triênios seguintes ela se concentrou na região sudeste. De fato, o município de Rondonópolis representou um aglomerado espacial (risco relativo = 12,5; p < 0,0001) e espaço-temporal (risco relativo = 22,1; p < 0,0001) significativo para a doença. Tais resultados podem representar úteis subsídios para que as autoridades de saúde pública atuem de forma racional e direcionada na vigilância e controle da doença na área. Além disso, apontam para a realização de futuros estudos que avaliem as ações de controle localmente adotadas.



Palavras-chaves:  Brasil, Distribuição espacial, Epidemiologia, Leishmaniose visceral, Mato Grosso