Análise Clínico-Epidemiológica dos Acidentes por Animais Peçonhentos em Feira de Santana, Bahia.
HEROS AURELIANO ANTUNES DA SILVA MAIA1, VICTOR XAVIER DA SILVA 1, ANA CAROLINA SILVA ASSUNÇÃO 1, DEIVAM SÃO LEÃO LEITE 1, DYALLE COSTA E SILVA 1, FILIPE MOTA FREITAS 1, GRAÇAS DE MARIA DIAS REIS 1, ILANE MOREIRA FIGUEREDO 1, JOÃO MÁRIO AGUIAR ABRANTES DOURADO 1, JOICE DA SILVA SANTOS 1, MARIZE FONSECA DE OLIVEIRA1, PRISCILA SOARES GARCIA 1
1. UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana, Curso de Medicina.
victorxavier.vxs@gmail.com

Acidentes por animais peçonhentos são emergências clínicas frequentes em países tropicais, constituindo problema de saúde pública por seus índices de morbimortalidade. O aumento do número de casos está relacionado às modificações ambientais antropogênicas, práticas sanitárias deficientes e desconhecimento populacional de medidas preventivas e de cuidado. Objetivou-se descrever o perfil dos acidentes por animais peçonhentos ocorridos no município de Feira de Santana, Bahia, no período de 2007 a 2016. Estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, de abordagem quantitativa, em que se utilizaram dados do Sistema Nacional de Notificações e Agravos (SINAN), do Ministério da Saúde. Foram notificados 3.684 casos no período. Deste total, 51,84% das vítimas eram do sexo masculino, 39,76% possuíam entre 20 e 39 anos, com predomínio da raça parda (77,75%). Os acidentes escorpiônicos corresponderam a 56% dos casos, ofídicos 21%, por aranhas 8,65%, abelhas 5,23%, lagartas 0,35% e em 5,8% das notificações não havia especificação do animal. O gênero Bothrops (Jararaca) foi responsável por 10,7% dos acidentes ofídicos, Crotalus (Cascavel) 1,4%, Micrurus (Cobra-Coral) 0,5%, Lachesis (Surucucu) 0,1%, e 86,34% não tiveram gênero especificado. Quanto aos acidentes por aranhas, 98,21% tiveram gênero ignorado, Loxosceles 0,5%, Phoneutria 0,3%, Latrodectus 0,13% e outras espécies 0,7%. Não havia descrição do gênero de escorpiões, lagartas e abelhas. O tempo de atendimento ocorreu em até 1 hora após o acidente em 32,24%, entre 1-3 horas em 24,95%, entre 3 e 6 horas em 10,89%. Os acidentes foram leves em 80,56%, moderados em 12,1% e graves em 2,75%. A evolução clínica para cura ocorreu em 89,9% dos casos, o que pode se justificar pelo pouco tempo decorrido entre o acidente e o atendimento, e óbito em 0,43%. Do total de 16 óbitos, 56,2%% foram por acidentes ofídicos, 25% por escorpiões e o restante por abelhas e aranhas. Em casos de desconhecimento do agente etiológico do acidente, o diagnóstico diferencial deve se basear nos sinais e sintomas. Feira de Santana é destaque por ser uma zona de transição no agreste baiano, com clima tropical, vegetação de mata atlântica e caatinga, economia estritamente relacionada ao comércio e atividades agropecuárias e possuir um atendimento adequado aos acidentes. Não obstante, é necessário ações de educação profissional que reforcem a importância do preenchimento completo das notificações destes acidentes.  



Palavras-chaves:  Animais Peçonhentos, Bahia, Doenças Negligenciadas, Letalidade