Análise Clínico-Epidemiológica dos Acidentes por Animais Peçonhentos em Feira de Santana, Bahia. |
Acidentes por animais peçonhentos são emergências clínicas frequentes em países tropicais, constituindo problema de saúde pública por seus índices de morbimortalidade. O aumento do número de casos está relacionado às modificações ambientais antropogênicas, práticas sanitárias deficientes e desconhecimento populacional de medidas preventivas e de cuidado. Objetivou-se descrever o perfil dos acidentes por animais peçonhentos ocorridos no município de Feira de Santana, Bahia, no período de 2007 a 2016. Estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, de abordagem quantitativa, em que se utilizaram dados do Sistema Nacional de Notificações e Agravos (SINAN), do Ministério da Saúde. Foram notificados 3.684 casos no período. Deste total, 51,84% das vítimas eram do sexo masculino, 39,76% possuíam entre 20 e 39 anos, com predomínio da raça parda (77,75%). Os acidentes escorpiônicos corresponderam a 56% dos casos, ofídicos 21%, por aranhas 8,65%, abelhas 5,23%, lagartas 0,35% e em 5,8% das notificações não havia especificação do animal. O gênero Bothrops (Jararaca) foi responsável por 10,7% dos acidentes ofídicos, Crotalus (Cascavel) 1,4%, Micrurus (Cobra-Coral) 0,5%, Lachesis (Surucucu) 0,1%, e 86,34% não tiveram gênero especificado. Quanto aos acidentes por aranhas, 98,21% tiveram gênero ignorado, Loxosceles 0,5%, Phoneutria 0,3%, Latrodectus 0,13% e outras espécies 0,7%. Não havia descrição do gênero de escorpiões, lagartas e abelhas. O tempo de atendimento ocorreu em até 1 hora após o acidente em 32,24%, entre 1-3 horas em 24,95%, entre 3 e 6 horas em 10,89%. Os acidentes foram leves em 80,56%, moderados em 12,1% e graves em 2,75%. A evolução clínica para cura ocorreu em 89,9% dos casos, o que pode se justificar pelo pouco tempo decorrido entre o acidente e o atendimento, e óbito em 0,43%. Do total de 16 óbitos, 56,2%% foram por acidentes ofídicos, 25% por escorpiões e o restante por abelhas e aranhas. Em casos de desconhecimento do agente etiológico do acidente, o diagnóstico diferencial deve se basear nos sinais e sintomas. Feira de Santana é destaque por ser uma zona de transição no agreste baiano, com clima tropical, vegetação de mata atlântica e caatinga, economia estritamente relacionada ao comércio e atividades agropecuárias e possuir um atendimento adequado aos acidentes. Não obstante, é necessário ações de educação profissional que reforcem a importância do preenchimento completo das notificações destes acidentes. |