REPERCUSSÕES CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DA ESPOROTRICOSE HUMANA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
ALINE VASCONCELOS FERNANDES1,2, MARIANA DE LIRA NUNES1,2, MARIANA FAJARDO CORREIA LANDIM1,2
1. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2. HC - UFPE - Hospital das Clínicas - UFPE
alinevasconcelosfernandes@gmail.com

A esporotricose, micose causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii e outras espécies do gênero Sporothrix, é uma doença de proporções endêmicas no Brasil e em diversos países na América Latina e no mundo, principalmente os de clima tropical e subtropical. Embora trate-se de doença raramente fatal e que acomete predominantemente o tecido cutâneo, subcutâneo e linfático, sua importância é clara pela crescente incidência em humanos nos últimos anos. Tornou-se, inclusive, doença de notificação compulsória no estado de Pernambuco. É, no entanto, uma micose de difícil diagnóstico, possivelmente pela falta de domínio dos profissionais de saúde sobre a doença e sua apresentação clínica usual. Dessa forma, esta breve revisão bibliográfica da literatura busca alertar e precaver quanto às crescentes taxas de incidência e prevalência da esporotricose, além de elucidar quanto à sua forma de transmissão, apresentação clínica e diagnóstico. Foram buscadas referências em artigos científicos escritos nos últimos 5 anos encontrados nas bases de dados SciELO, PubMed, Capes e LILACS, além de boletins da Secretaria de Saúde de Pernambuco. Foi visto que, no anos de 2016, foram notificados 13 casos suspeitos de esporotricose no estado, enquanto que, em 2017, esse número foi de 132 – um aumento de aproximadamente 915,4%. Trata-se de uma micose subaguda ou crônica, transmitida pela inoculação traumática do Sporothrix na pele por meio de farpas, plantas e espinhos contaminados, ou, ainda, arranhaduras e mordidas de animais infectados. Embora associada à área rural, a esporotricose tem sido cada vez mais incidente em regiões urbanas, fator atribuído à transmissão zoonótica por gatos domésticos. Sua apresentação clínica é diversa, mas as lesões resultantes geralmente localizam-se no membro superior e restringem-se à pele, tecido subcutâneo e vasos linfáticos adjacentes, formando uma característica fileira de nódulos eritematosos, ulcerados ou não, que seguem o trajeto linfático. Em raros casos, mais comuns entre imunodeprimidos, pode haver acometimento extracutâneo, seja osteoarticular, pulmonar ou mesmo sistêmico. O tratamento é, muitas vezes, demorado e caro. Embora seja uma doença de crescente repercussão epidemiológica, há, ainda, poucas publicações a respeito da esporotricose humana. É clara, portanto, a necessidade de atenção a esse emergente problema de saúde pública.



Palavras-chaves:  Esporotricose humana, Micoses, Zoonoses