CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ZONA HABITACIONAL E NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DO CEARÁ.
LÉIA MADEIRA SABÓIA DOS REIS 1, CLARISSA ROMERO TEIXEIRA1
1. IOC / FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz – IOC. Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, RJ, 2. FIOCRUZ - PI - Escritório Regional Fiocruz Piauí, PI.
leiamadeirasaboiadosreis@gmail.com

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma patologia infecciosa crônica, negligenciada, frequentemente, podendo levar ao óbito na ausência de tratamento. É uma doença negligenciada no mundo, inclusive no Brasil, e o Estado do Ceará se destaca por ser endêmico para a doença. O presente trabalho teve como objetivo analisar os casos notificados de LV no Estado do Ceará, nos anos de 2013 a 2017, visando avaliar a zona residencial e o nível de escolaridade dos pacientes. Foi realizado um estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo, em que os dados foram obtidos a partir dos registros de casos de LV notificados no estado ao longo dos referidos anos, com registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os critérios de avaliação considerados foram: residir no Estado do Ceará, nível de escolaridade dos pacientes e zona residencial dos mesmos. A população estudada neste trabalho correspondeu a um total de 2.362 casos de LV, notificados em 184 municípios cearenses no período de 2013 a 2017. As localizações das ocorrências se deram com 1.666 casos na zona urbana, 618 na zona rural, 25 na área periurbana e 53 com a localização ignorada. Os municípios onde se verificaram os maiores números de casos foram Fortaleza (1.105), Sobral (395), Barbalha (153), Juazeiro do Norte (70), Crato (67), Itapipoca (39) e Iguatú (28), e os demais munícipios notificados apresentam variação de 1 a 20 casos. Os referidos municípios citados, anteriormente, também se destacaram por possuírem um maior número de habitantes quando comparados aos demais. Esses achados corroboram com os resultados encontrados na literatura, onde se relata que alguns dos fatores predisponentes à LV são os baixos níveis socioeconômicos e índice de escolaridade, assim sugerindo o alto índice na zona urbana. Ao analisar a variável grau de instrução dos portadores da doença, os resultados revelaram uma predominância de casos naqueles com ensino fundamental maior incompleto (6º ao 9º Ano) com 183 casos, seguidos pelo ensino fundamental menor incompleto (1º ao 5º Ano) com 167 casos e pelos portadores com ensino médio completo com 86 casos. Este estudo, novamente, atesta o que é observado na literatura, onde a LV se caracteriza como uma doença negligenciada, ocorrendo em maiores proporções nas áreas urbanas, devido o processo de urbanização atingindo pessoas com nível de escolaridade mais baixo.



Palavras-chaves:  Doenças negligenciadas, Leishmania, Leishmania infantum, Leishmaniose Visceral, Nível de escolaridade