AVALIAÇÃO ANTROPOGÊNICA RELACIONADA AOS NÍVEIS DE METILMERCÚRIO NO SANGUE DE PEIXES EM DUAS LOCALIDADES DO RIO MADEIRA – RONDÔNIA |
A maior parte do mercúrio (Hg) despejado no meio ambiente é sedimentado nas águas e se transforma em outro composto, o metilmercúrio (MeHg), devido a ação de bactérias. Tóxico ao ser humano, este metal pode ser absorvido por várias vias provocando inúmeras alterações e riscos à saúde, mesmo em baixas concentrações. Os elevados índices de exposição humana ao Hg pela contaminação ambiental foram considerados problema de saúde pública, levando a OMS à tomadas de medidas para reduzir a exposição humana ao metal no Brasil. Devido a região de Porto Velho/RO ter sido assolada, por décadas, ao extrativismo mineral nos rios que banham o Estado e que, estes regam agriculturas e disponibilizam fonte de alimentos a outros animais, como o homem, há necessidade de verificar se o índice mercurial nos peixes do Rio Madeira/RO está dentro dos parâmetros regulamentados pela OMS, permitido para consumo humano. Com intuito de correlacionar os níveis de Hg total e MeHg no sangue de peixes do Rio Madeira, ocasionados por ações antropogênicas e promovendo efeito bioacumulativo, está sendo realizada a captura dos peixes no Rio Madeira, antes da usina de Jirau e depois da usina de Santo Antônio. As amostras obtidas são de peixes oriundos de pescas profissionais para consumo da população. A identificação morfológica da espécie ocorre no local, nome popular, porém há registro fotográfico e biometria de cada indivíduo amostral para confirmação com a literatura. A coleta ocorre por venopunção do vaso localizado na região caudal, sendo o sangue armazenado em microtubos contendo heparina e mantido sob refrigeração. A amostra é aliquotada para análise molecular, identificação espécie/específica (Nested de PCR) e para análise físico/químico (quantificação mercurial) por espectrometria de absorção atômica com geração de vapor frio. Dentre as 60 amostras obtidas, 5 espécies foram identificadas: pacú, sardinha, pintadinho, piau e mandi. Os resultados preliminares demonstraram que a sardinha e o pintadinho possuem um nível de Hg sanguíneo acima do parâmetro sugerido como propício para consumo. Sendo que a concentração maior encontra-se na sardinha. Apesar de ainda estarmos em fase preliminar, os resultados nos permitem analisar 2 espécies com hábitos alimentares distintos: um carnívoro, o pintadinho, e outro herbívoro, a sardinha, que contrariam o fenômeno da bioacumulação à níveis tróficos, porém colocam em risco as pessoas que os apreciam à mesa. |