DETECÇÃO DE CASOS NOVOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS COM GRAU 2 DE INCAPACIDADE FÍSICA NO DIAGNÓSTICO. CEARÁ, 2008 A 2017
SUZYANE CORTÊS BARCELOS 1,2, GERLÂNIA MARIA MARTINS SILVA DE SOUZA1,2, AQUILEA BEZERRA DE MELO PINHEIRO1,2, FRANCISCA MARIA SILVA DE SOUZA1,2, ALBERTO RAMOS JUNIOR 1,2, RICARDO JOSÉ SOARES PONTES1,2, ANDERSON FUENTES FERREIRA1,2
1. SESA - Secretária de Saúde do Estado do Ceará, 2. UFC - Universidade Federal do Ceará
suzy.barcelos@gmail.com

Introdução: A hanseníase em menores de 15 anos representa transmissão recente e pode significar a existência de pessoas doentes de formas multibacilares transmissíveis, sem diagnóstico, que convivem continuamente com a criança em sua rede de contatos. A detecção de um caso de hanseníase em criança com grau 2 de incapacidade física (GIF2) significa um diagnóstico tardio e deve desencadear uma Investigação de Incidente Crítico (IIC) recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que visa observar o manejo clínico e compreender seus determinantes. Objetivo: Descrever os casos novos (CN) de hanseníase detectados com GIF2 no momento do diagnóstico no Ceará no período de 2008 a 2017. Métodos: Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, realizado no estado do Ceará, Brasil. Os dados disponibilizados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), tabulados no Tabwin,exportados em planilhas do Excel e em seguida realizada a análise. Resultados: Foram notificados 1.237 CN de hanseníase em menores de 15 anos no período e 1.127 (91,1)avaliados quanto ao GIF no diagnóstico, destes 50 (4,4) apresentaram GIF2.A proporção média de avaliados ao longo da série foi de 91%, exceto nos anos 2014 (85,4) e 2016 (88,4). Em 2011 registrou-se a maior proporçãode GIF2 (7,0) sendo um indicador médio, segundo parâmetros do Ministério da Saúde. Em 2017 houve uma diminuição do GIF2 (3,5), mantendo-se indicador baixo, segundo parâmetros oficiais. Houve um decréscimo de 50,4% entre os anos 2011 a 2017 e a proporção de GIF2 no diagnóstico passou de média para baixa nesse período. Em média, 124 CN de hanseníase em menores de 15 anos foram diagnosticados no Ceará no período de 2008 a 2017. Conclusão : O registro de CN de hanseníase em menores de 15 anos aponta a existência de endemia oculta, transmissão recente e demonstra a transcendência da doença. Quando existe a detecção de CN em crianças com GIF2 no diagnóstico, tal fato pode representar uma baixa efetividade nas ações de controle da doença na população geral visandoa identificação das formas multibacilares transmissíveis. O cenário evidencia a necessidade de pronta intervenção do Sistema de Saúde para realização de busca ativa e ações de mobilização que envolva as equipes de saúde e a comunidade, buscando dar visibilidade para o problema, principalmente nas áreas com registros da doença nessa faixa etária.



Palavras-chaves:  Hanseníase , Epidemiologia, criança , adolescente