CONTROLE DE Aedes aegypti COM PYRIPROXYFEN DISSEMINADO POR MOSQUITOS: AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO ENTOMOLÓGICO COM OVITRAMPAS
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As doenças transmitidas por Aedes aegypti estão entre os maiores problemas globais de saúde pública. O controle de larvas do mosquito é essencial para a prevenção dessas doenças, mas sua eficácia é limitada pelo fato de que os criadouros de Ae. aegypti são frequentemente difíceis de localizar ou inacessíveis. A disseminação do larvicida pyriproxyfen (PPF) pelos próprios mosquitos até criadouros não tratados é uma alternativa promissora. A eficácia desta estratégia tem sido examinada utilizando indicadores entomológicos; o método mais simples e prático (e o mais utilizado na vigilância de rotina) é provavelmente o monitoramento de ovos de Ae. aegypti (presença/ausência ou densidade) em ovitrampas.Contudo, não existe uma avaliação sistemática do impacto da autodisseminação de PPF sobre estes indicadores baseados em ovitrampas. Neste trabalho, comparamos a presença/ausência e densidade de ovos de Ae. aegypti em ovitrampas instaladas em duas áreas do Distrito Federal, Brasil – uma área de intervenção (AI) com 150 estações disseminadoras (EDs) de PPF e uma área controle (AC) com características semelhantes, mas sem EDs. Sessenta ovitrampas foram instaladas mensalmente (janeiro 2017–junho 2018), por quatro dias, em pontos regularmente distribuídos em cada área; as EDs foram instaladas e mantidas na AI entre março 2017 e março 2018. Os ovos de Ae. aegypti presentes nas paletas das ovitrampas foram contados para calcular a proporção de ovitrampas positivas (POP) e a densidade de ovos (DO). Contamos 43951 ovos viáveis em 458 ovitrampas positivas (21.6%). Na AI, a POP foi de 19,2% antes, 14,7% durante, e 43,3% depois da a disseminação de PPF; na AC, os valores foram 32,0%, 20,2% e 42,5%, respectivamente. Os valores de DO se mantiveram estáveis antes e durante a disseminação tanto na AI (13,3 e 13,8 ovos/ovitrampa) quanto na AC (21,4 e 17,3),e aumentaram nos meses posteriores à retirada das EDs (60,9 e 56,9 ovos/ovitrampa, respectivamente). Os valores de POP e DO foram claramente maiores nos meses chuvosos (janeiro-março) em ambas as áreas. A discreta diminuição da POP e os valores ligeiramente menores de DO na área de intervenção contrastam com a diminuição de 86% na densidade de Ae. aegypti adultos que as equipes do projeto registraram na mesma área e no mesmo período. Em conjunto, estes resultados sugerem que as ovitrampas, e os dados derivados delas, são de utilidade limitada na avaliação da estratégia de controle de mosquitos urbanos por autodisseminação de PPF. |