ASPECTOS CLÍNICOS, IMUNOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA EM IDOSOS. |
A leishmaniose cutânea (LC) causada por Leishmania braziliensis é a principal forma clínica de leishmaniose tegumentar americana. A LC é observada principalmente em adultos jovens do sexo masculino. Embora as manifestações clínicas e a resposta terapêutica ao antimônio tenham sido bem estudadas na LC, há uma falta de informação sobre a doença em pacientes idosos. O objetivo do presente estudo foi comparar a apresentação clínica, resposta imune, frequência e gravidade das reações adversas ao antimônio e a resposta ao tratamento em pacientes idosos e jovens. Participaram do estudo 70 pacientes sendo 35 idosos e 35 jovens. Todos foram recrutados em Corte de Pedra, na Bahia. Os critérios de inclusão foram a presença de uma úlcera clássica de LC, duração da doença inferior a 60 dias e diagnóstico de L. braziliensis determinado por PCR. Os critérios de exclusão foram pacientes com lesão mucosa, co-infectados com HIV, diabéticos e com insuficiência renal, cardíaca ou hepática. Os pacientes foram classificados em dois grupos sendo os jovens (18 a 40 anos) e os idosos (60 a 80 anos.). Todos foram tratados com glucantíme (Sanofi Aventis) na dose de 20 mg / Kg durante 42 dias, em dias alternados (segunda feira, quarta e sexta feiras). Determinação de citocinas, testes laboratoriais e eletrocardiograma foram realizados antes e no dia 30 da terapia . Não houve diferença com relação ao número, aspecto, localização e tamanho das lesões, mas a linfadenopatia satélite foi menor e menos frequente nos idosos do que nos jovens. A relação IFN gama: IL-10 e TNF: IL:10 foi menor (p<0.05) nos idosos que nos jovens, mas a idade e as alterações imunológicas não interferiram na resposta ao antimonial que foi observada em 63% dos idosos e 49% nos jovens (p>0.05). A frequência e intensidade das reações adversas (febre, artralgia e vômitos) e as mudanças nas concentrações de sódio potássio, ureia, creatinina e transaminases, foram também semelhantes nos dois grupos (p>0.05), mas as alterações eletrocardiográficas (arritmia ventricular e sobrecarga ventricular esquerda) foram mais frequentes nos idosos do que nos jovens. A idade e a alterações imunológicas não modificaram de modo importante a apresentação clínica da LC nem a resposta ao tratamento. Todavia devido a elevada frequência de alterações eletrocardiográficas observadas com o antimonial no grupo de maior faixa etária, outras drogas devem ser utilizadas no tratamento da LC em idosos. |