ASPECTOS CLÍNICOS, IMUNOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA EM IDOSOS.
ALEXSANDRO SOUZA DO LAGO 1, MAURÍCIO NASCIMENTO1, AUGUSTO M. CARVALHO1, NEUZA LAGO1, JULIANA SILVA1, JOSÉ ROBERTO QUEIROZ1, LUCAS P. CARVALHO1, ALBERT SCHRIEFER1, PAULO ROBERTO MACHADO1, EDGAR MARCELINO DE CARVALHO FILHO1
1. UFBA - Universidade Federal da Bahia, 2. IGM - Instituto Gonçalo Moniz
alex-lago@hotmail.com

 A leishmaniose cutânea (LC) causada por Leishmania braziliensis é a principal forma clínica de leishmaniose tegumentar americana. A LC é observada principalmente em adultos jovens do sexo masculino. Embora as manifestações clínicas e a resposta terapêutica ao antimônio tenham sido bem estudadas na LC, há uma falta de informação sobre a doença em pacientes idosos. O objetivo do presente estudo foi comparar a apresentação clínica, resposta imune, frequência e gravidade das reações adversas ao antimônio e a resposta ao tratamento em pacientes idosos e jovens. Participaram do estudo 70 pacientes sendo 35 idosos e 35 jovens. Todos foram recrutados em Corte de Pedra, na Bahia. Os critérios de inclusão foram a presença de uma úlcera clássica de LC, duração da doença inferior a 60 dias e diagnóstico de L. braziliensis determinado por PCR. Os critérios de exclusão foram pacientes com lesão mucosa, co-infectados com HIV, diabéticos e com insuficiência renal, cardíaca ou hepática. Os pacientes foram classificados em dois grupos sendo os jovens (18 a 40 anos) e os idosos (60 a 80 anos.). Todos foram tratados com glucantíme (Sanofi Aventis) na dose de 20 mg / Kg durante 42 dias, em dias alternados (segunda feira, quarta e sexta feiras). Determinação de citocinas, testes laboratoriais e eletrocardiograma foram realizados antes e no dia 30 da terapia . Não houve diferença com relação ao número, aspecto, localização e tamanho das lesões, mas a linfadenopatia satélite foi menor e menos frequente nos idosos do que nos jovens. A relação IFN gama: IL-10 e TNF: IL:10 foi menor (p<0.05) nos idosos que nos jovens, mas a idade e as alterações imunológicas não interferiram na resposta ao antimonial que foi observada em 63% dos idosos e 49% nos jovens (p>0.05). A frequência e intensidade das reações adversas (febre, artralgia e vômitos) e as mudanças nas concentrações de sódio potássio, ureia, creatinina e transaminases, foram também semelhantes nos dois grupos (p>0.05), mas as alterações eletrocardiográficas (arritmia ventricular e sobrecarga ventricular esquerda) foram mais   frequentes nos idosos do que nos jovens. A idade e a alterações imunológicas não modificaram de modo importante a apresentação clínica da LC nem a resposta ao tratamento. Todavia devido a elevada frequência de alterações eletrocardiográficas observadas com o antimonial no grupo de maior faixa etária, outras drogas devem ser utilizadas no tratamento da LC em idosos.



Palavras-chaves:  Idosos, Imunopatogênese, Leishmaniose Cutânea