SOROPREVALÊNCIA PARA ZIKA E DENGUE EM MULHERES PUÉRPERAS APÓS A EPIDEMIA DE ZIKA EM SALVADOR, BAHIA |
Dengue é uma doença endêmica no Brasil há décadas. Entre os anos de 2015 e 2016 o Brasil foi afetado por um surto de infecção pelo vírus Zika (ZIKV) sem precedentes, que atingiu diversas regiões do país, incluindo o estado da Bahia e sua capital Salvador. Um dos grupos populacionais mais susceptíveis é o de gestantes, devido ao risco de infecção congênita por Zika. Neste contexto os estudos de soroprevalência mostram-se importantes para definir a exposição e susceptibilidade das gestantes e puérperas. Assim, com objetivo de realizar uma soroprevalência através da detecção de anticorpos IgG para Dengue e Zika em mulheres admitidas em uma maternidade de Salvador, foi realizado um estudo de corte transversal com inclusão de casos no período de setembro a novembro de 2017, após o período de epidemia de Zika. Foram incluídas mulheres puérperas consecutivas admitidas em uma maternidade de referência em Salvador que concordaram com a participação. A estas mulheres foi aplicado questionário padronizado para coleta de dados socioepidemiológicos, estes, foram geridos na plataforma online RedCap. Sendo coletadas amostras biológicas e realizadas sorologias utilizando os kits comerciais (Euroimmun) conforme recomendação do fabricante. Avaliamos 308 parturientes com idade média de 27,2 anos. Destas 51,9% se declararam pardas, 40,3% negras e 7,8% brancas. 30,8% tinham até o nivel médio completo. 34 (11%) referiram infecção por dengue e 69 (22,4%) afirmaram ter tido zika. A sorologia anti-zika IgG foi positiva em 171 (56,8%) das 301 amostras testadas e 275 (91,3%) apresentaram positividade anti-dengue IgG. Até o momento existem poucos trabalhos de soroprevalência durante e após o surto de ZIKV, uma dificuldade para realização deste tipo de estudo é a heterologia e epidemias simultâneas dos vírus. Durante a epidemia de Zika um estudo sorológico conduzido em Salvador, utilizando como metodologia a detecção de anticorpos IgG, apontou uma positividade de 59,3% para Zika em 257 parturientes, dados semelhantes aos encontrados no estudo atual após a epidemia. Além disto nota-se uma disparidade quanto a quantidade de mulheres que referiram ter tido Zika ou Dengue e os resultados das sorologias, possivelmente, devido a não presença de sintomas clínicos decorrentes da infecção, esclarecendo a importância da vigilância e elaboração de medidas preventivas para possíveis surtos posteriores especialmente para o grupo de gestantes. Palavras-chave: Dengue, soroprevalência, Zika. |